terça-feira, 30 de maio de 2017

Últimos dias de agonia



Leonardo Sodré
Jornalista e escritor

Completei 60 anos no último dia 21 de maio. Cheguei nesta idade consciente de que deveria ser mais condescendente com as opiniões que não batem com as minhas e, como trabalho muitas vezes em equipes de marketing político, reforcei na minha mente uma máxima que me ensinaram há muitos anos: “política é a arte da convivência entre os contrários”.

"Deve-se ter a total clareza que corrupção não é política e sim politicagem" escreveu Emily Sabrina Machado, acadêmica do 3° ano do curso de Administração Pública, modalidade à distância, pela UEM, publicado no site http://www.informativo.uem.br.

Mas, o que nós vemos nesses últimos dias agoniados de um período político que parece não ter fim?

De um lado vemos um candidato com propostas e que busca a alternância de poder. Um candidato de oposição. Do outro uma candidata que busca a mesma postura de oposição prometendo o que vai fazer num eventual segundo mandato. O que deixou de fazer no primeiro. Aliás, suas propostas passam ao largo de suas acusações ao candidato de oposição, enquanto seus ataques lembram as três primeiras campanhas derrotadas do seu antecessor, Lula da Silva, que somente ganhou na quarta tentativa quando assumiu a postura do ‘paz e amor’ e apresentou propostas para o Brasil.

Qualquer marqueteiro político sabe que campanhas são feitas de propostas. O candidato de oposição entendeu isso muito bem, tanto que nos debates mantém postura tranquila enquanto o marketing da situação explora defeitos fabricados, expõe montagens, agride deslavadamente o candidato da oposição. Nestes últimos dias de agonia as redes sociais, principalmente o famoso ‘Facebook’, estão lotadas dessa forma de fazer política, como era feito nas primeiras décadas da República. Nada de propostas! Tudo de agressões.

Mas é possível entender esse desespero da situação. Afinal não há mais o que dizer, o que prometer, o que se defender. Como seria possível montar uma defesa palpável para os casos mais conhecidos, dos muitos escândalos do governo petista? Imagino o pensamento do marqueteiro. Como seria possível mudar de agressões para propostas nos últimos dias de agonia? Deve se angustiar o marqueteiro.

A frase de Emily, lá em cima, diz tudo e deixa refletir que politicagem é também aparelhamento do Estado pela simples ânsia de perpetuação no poder. E, aparelhamento se faz com corrupção. E aí, a arte de entendimento pelos contrários passa a ser a compra da consciência dos contrários. O ‘Petrolão’ e o ‘Mensalão’ são os dois últimos e maiores exemplos desse tipo de fazer política.

Ninguém pode dizer que se o candidato da oposição ganhar, fará um bom governo. Mas, sem dúvida, qualquer pessoa esclarecida sabe que se a situação se mantiver a Nação caminha para um governo totalitário; uma ditadura que caminhará para o isolamento em todas as áreas. A falta de crescimento econômico já evidencia essa realidade. De resto, resta aguardar os últimos dias de agonia para ver se teremos alguma esperança na alternância de poder, principal qualidade da democracia, ou se continuaremos a contabilizar um Estado aparelhado e ansioso de poder.

21 de outubro 2014

domingo, 21 de maio de 2017

Quero dizer porque te amo

Léo e Mércia

Meu Léo aos 6.3

Hoje 21 de maio, o Céu está em festa. É o seu aniversário! 

É uma festa diferente, Divina, junto ao seu pai e ao seu filho. Pois você foi um homem bom, amigo e justo. Um homem de Deus e a Ele temente.

Hoje, reafirmo o meu amor e, em resposta a Crônica que eu não deixei, à época você publicar, “Quero dizer porque te amo”.

Continuo lhe amando Leozinho, porque o nosso amor maduro vai além do tempo e não existe ausência porque você faz parte da minha essência. Você continua e sempre continuará comigo. Continua o meu companheiro, meu amigo e o meu amor. Continuo sonhado os seus sonhos - nossos sonhos - rindo feliz com as nossas lembranças. E essas, nada nem ninguém as tirará de nós, serão para todo o nosso sempre.

Amo você, feliz aniversário!


Quero dizer porque te amo
Leonardo Sodré

Havíamos conversado muito naquela noite de domingo. Eu estava ávido pela sua presença, desejando ver o seu rosto, sentir o seu cheiro, pegar em suas mãos... Queria senti-la, abraçá-la e partilhar com ela nossas saudades e os bons momentos que vivemos durante alguns poucos anos. É verdade que já não éramos mais os mesmos. Muitos problemas tinham acontecido. Muitos males rondaram nossa relação e confesso já ter começado a perder a esperança de uma reconciliação. Mas, enquanto sobravam insatisfações de ambos os lados, o misterioso amor não cessava de apalpar nossos corações e de, certeiramente, colocar dúvidas na tez de nossa realidade. O infinito amor agia.

Despedimo-nos com um abraço de paixão e com compromissos firmados em torno de um futuro melhor. ‘Meu Deus! Exultei. Ajude-me a ser como prometi, não deixe que eu não seja o que eu não quero ser’, roguei. De imediato pareceu-me ver a figura de Paulo de Tarso ensinando: “Eu não faço o bem que quero, mas o mal que eu não quereria”. Roguei novamente. ‘Meu Deus, me livre do mal, do desamor, não deixe que eu a decepcione nunca mais’. Eu acho que ele me ouviu.

Chego ao quarto e vou ver um filme pensando no meu amor. De pronto uma cena onde um rapaz diz a namorada: “Quero dizer porque te amo”. Ora, pensei, jamais disse ao meu amor porque a amava. Mas eu quero dizer. Não basta o olhar? Não. Não bastam as atitudes? Acho que não. Não basta apenas dizer: eu te amo? Para mim não, me obriguei.

O que eu queria dizer a ela neste momento é que não importa os cinco minutos os 50 anos que possamos estar olhando um para o outro. Quero dizer a ela que a amo porque sem ela eu não conheceria o amor. Que tenho sua imagem no meu coração dia após dia, que não me importaria em morrer tendo apenas como legado essa mesma imagem. Quero dizer a ela que a amo porque encaro o tempo das nossas presenças do jeito que ela me amou. E que precisamos apenas de um pouco de tempo. É tudo o que precisamos.

Quero dizer porque te amo porque vejo sua ‘fotografia’ espalhada em tudo o que toco. No chão que ando, na mesa, em todo canto. Sua presença é tão importante que o seu sentir é o meu sentir e magicamente estamos tão próximos que as distâncias se encurtam. Quero dizer porque te amo! Sim, quero dizer! Gritar e espalhar as razões do meu amor. Da sua constante presença, do seu olhar, enfim dessa simbiose cósmica que nos une, apesar de termos enfrentado tantos problemas.

Quero dizer porque te amo de tantas formas e de tantas maneiras que sinto falta de não ser poeta e de poder dizer poeticamente ou justificar que o meu coração lhe pertence e que minha vida é totalmente sua. Por isso te amo. Pertenço-te.


LeoSodré