A violência continua em Aleppo, maior cidade da Síria, e milhares de pessoas buscam segurança em edifícios públicos. Outras milhares deixam diariamente o país em direção a países vizinhos, que tentam encontrar soluções para lidar com o fluxo crescente de refugiados.
Estimativas indicam que 200 mil pessoas tiveram que deixar Aleppo e
áreas vizinhas no último fim de semana. O Crescente Vermelho Árabe
Sírio (SARC, em inglês) e outras organizações nacionais registram
aproximadamente 300 famílias deslocadas por dia. De 250 a 350 pessoas
estão abrigadas em 32 escolas, enquanto 7 mil estão em dormitórios
universitários.
Apesar das sérias restrições quanto à segurança, funcionários do ACNUR,
do SARC e de outras organizações em Aleppo tentam identificar as
necessidades das pessoas mais vulneráveis. Em Damasco, o ACNUR está
enviando folhas plásticas, colchões, cobertores, utensílios de cozinha,
comida enlatada e fraldas para que o SARC distribua.
Por causa dos riscos de segurança na capital síria o ACNUR opera com
metade de sua equipe, com visitas limitadas a áreas afetadas e ao
entorno de Damasco. Nove linhas telefônicas estão abertas para receber
chamadas da população. Estes telefones são também um meio importante
para reunir e divulgar informações sobre proteção e acesso a serviços.
"Muitos ligam relatando falta de segurança, medo de bombardeios,
escassez de alimentos, água e saneamento, especialmente em áreas como
Sayyeda Zainab. As famílias que não conseguem deixar áreas de risco
estão solicitando ajuda para realocação", afirmou a porta-voz do
ACNUR, Melissa Fleming, em Genebra nesta terça-feira. "Além disso,
estrangeiros sem documentos afirmam estar impossibilitados de deixar o
país, temendo perseguição e represálias”.
O governo da Turquia informou a chegada de 2 mil pessoas de Aleppo,
vindas da fronteira com Hatay nos últimos dias. "Os relatos mostram as
dificuldades ao longo do percurso, incluindo atiradores e bloqueios nas
estradas", afirmou Fleming.
Desde o início da crise Síria, em março de 2011, mais de 70 mil pessoas
procuraram refúgio na Turquia. O governo turco está dando assistência a
mais de 44 mil pessoas em oito campos de refugiados instalados em quatro
províncias. A abertura de outros dois campos, que poderão abrigar até 20
mil pessoas, está planejada para as próximas três semanas. Outros locais
estão sendo identificados.
Cerca de 1.500 pessoas chegam por dia a Jordânia, principalmente pela
fronteira em Daraa, no sul da Síria. O governo jordaniano estima que em
torno de 150 mil refugiados sírios entraram no país desde março do ano
passado. No domingo, o governo da Jordânia abriu um novo campo de
refugiados no norte para aliviar a pressão sobre os centros de trânsito
superlotados localizados perto da fronteira. As comunidades locais que
recebem os refugiados também estão no limite de seus recursos.
No Líbano, mais de 11 mil sírios cruzaram a fronteira em menos de 2
dias no mês de julho. Famílias de Damasco, Daraa e Souwaieak estão
chegando com bagagens em pequenas vans. A maioria dos recém-chegados
ainda não tem registro feito pelo ACNUR, e vai diretamente para
apartamentos alugados ou hotéis em Beirute ou Monte Líbano. Alguns dizem
que esperam encontrar trabalho em Trípoli ou no sul do país. Outros
estão concentrados em encontrar acomodação. A maioria disse esperar
voltar para a Síria nas próximas semanas. Ao todo, mais de 34 mil
deslocados sírios recebem proteção e assistência do governo libanês, da
ONU e de ONGs. Acredita-se que o número real de sírios refugiados no
Líbano seja bem maior.
No Iraque, aproximadamente 12 mil refugiados já foram registrados. Nos
últimos 10 dias, mais de 20 mil refugiados iraquianos na Síria
optaram por voltar ao país de origem. O A
CNUR está criando centros de
trânsito nas fronteiras com a Síria para garantir que novos
refugiados e repatriados obtenham a ajuda necessária.
Alguns sírios procuram proteção em lugares distantes. De acordo com
relatórios, de 10 mil a 25 mil pessoas estão na Argélia (70% delas
buscaram assistência do ACNUR), 1.305 foram registrados pelo ACNUR no
Egito e 400 no Marrocos.
O número total de refugiados sírios registrados até o momento
ultrapassa 129 mil. Com o êxodo da população síria ainda crescente, o
ACNUR busca apoio para arrecadar os US$193 milhões previstos pelo Plano
Regional de Resposta aos Refugiados da Síria no Iraque, Jordânia, Líbano
e Turquia.
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