A Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) realiza nesta terça-feira, 14, palestra com o físico francês Christophe Royon, da Comissão de Energia Atômica (CEA), França, e membro do Experimento ATLAS (www.atlas.ch), da Organização Europeia de Pesquisa Nuclear (CERN), Suíça.
O evento, promovido pelo Instituto Internacional de Física (IIF), está
marcado para as 15h no Departamento de Física Teórica e Experimental
(DFTE) da UFRN. Os acadêmicos que dominam o idioma inglês poderão ter o
privilégio de assistir à essa palestra única.
O professor Royon ministrará a palestra Recent results of the LHC, ou
Resultados recentes do LHC (Grande Colisor de Hádrons). Nela, Royon falará
dos resultados obtidos nos últimos experimentos com o LHC, como o
mundialmente noticiado experimento que comprovou a existência de uma
partícula com todas as características previstas para o Bóson de Higgs.
A atividade é voltada para estudantes e pesquisadores da física, sejam da
graduação ou pós-graduação. Embora o professor Christophe Royon já tenha
estado no Brasil outras vezes, será a primeira vez que ele fará essa
específica palestra no nosso país.
O físico ainda destacou a importância do investimento que os países da
América Latina têm feito nas pesquisas científicas nos últimos anos.
“Muitas oportunidades tem sido abertas nas universidades da América
Latina, não só no Brasil. Isso tem acelerado o desenvolvimento científico
nesses países”, comentou.
O Bóson de Higgs
“Nós, cientistas, passamos cerca de 40 anos tentando encontrar o Bóson de
Higgs”, disse o físico Christophe. A tal partícula só pôde ser constatada
graças a uma colisão de dois feixes de prótons, o que gerou, de acordo com
Christophe Royon, o feixe de mais alta energia no mundo. “Depois de tanto
tempo tentando encontrar essa partícula, tínhamos mesmo que ficar muito
contentes com a descoberta. Se o Bóson de Higgs não existisse, não
teríamos como entender como as coisas possuem massa”, disse o físico.
Os benefícios dessa descoberta não podem ser previstos com exatidão
atualmente, mas sabe-se que as potencialidades são muitas. “Dentro de 20
ou 30 anos, quem sabe, poderemos usar esse conhecimento em aplicações
médicas ou desenvolver aparelhos eletrônicos bem mais rápidos que os de
hoje. Enfim, é difícil prever as aplicações, mas todos serão
beneficiados”, disse o professor Royon. “A própria web [rede de
computadores] foi criada e usada primeiro no CERN, várias décadas antes
que todos pudessem usar”, lembrou.
Sobre a polêmica do apelido de “Partícula de Deus”, Royon esclarece:
“Talvez tenham chamado o Bóson de Higgs de Partícula de Deus porque ela é
responsável pela massa de tudo no universo, mas na verdade essa partícula
não prova nem a existência nem a inexistência de um deus”, explicou.
“Chamavam também de ‘partícula maldita’ [goddamn particle], pois estava
sendo muito difícil de encontrá-la”, completou.
O LHC e o experimento ATLAS
O acelerador de partículas de mais alta energia do mundo - o Large Hadron
Collider (LHC) começou a funcionar em novembro de 2009. Ele colide dois
feixes de alta energia de hádrons, como os prótons e nêutrons, e atinge um
total de 8TeV (Tera Electron Vol) de energia e coleta mais de 10 milhões
de gigabytes de dados brutos por ano.
ATLAS é um experimento de física de partículas no Large Hadron Collider do
CERN. O detector ATLAS está à procura de novas descobertas nas colisões de
frente de prótons de energia extremamente alta. O projeto ATLAS desenvolve
pesquisas sobre as forças básicas que moldaram o nosso universo desde os
seus primórdios e que vai determinar o seu destino. Entre as incógnitas
possíveis são a origem da massa, as dimensões extras do espaço, a
unificação das forças fundamentais, e as provas para os candidatos de
matéria escura no Universo.
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