domingo, 12 de agosto de 2012

Uma boa diversão

Paulo Correia
Jornalista
paulo.correia@r7.com


Nesses últimos dias, procurando algo interessante nas prateleiras das livrarias de Natal (infestadas de livros de auto-ajuda e literatura juvenil) descubro “O Cobra”, publicação de 2011 do escritor e jornalista aposentado Frederick Forsyth. Folheei a obra sem muita atenção, pois admito: não sou um fã do autor especializado em livros de ação e suspense, e que somente conseguiu me prender no seu primeiro livro, o competente “O Dia do Chacal”.

De lá para cá, li outras obras de Forsyth e não gostei do resultado de nenhuma delas. Mas com O Cobra foi diferente. Por tratar em suas quase 400 páginas de um tema que tenho muito interesse, o tráfico de drogas internacional e as pessoas que circulam nesse meio, resolvi apostar minhas fichas na publicação. E posso garantir: vale à pena.

Na história, o personagem central é Paul Devereaux, um ex-agente da CIA conhecido como o Cobra. Escalado pelo presidente dos Estados Unidos para uma missão ingrata e perigosa: acabar de vez com os cartéis de cocaína e a sua indústria da morte, ele decide formar um grupo de especialistas das mais diferentes áreas para elaborar um plano global e enfrentar, com todas as armas possíveis, o inimigo.
À sua disposição estão equipamentos, dinheiro, os melhores peritos em tecnologia, autoridade total e seu braço direito Cal Dexter (personagem tão interessante quanto o Cobra). No entanto, do outro lado estão os impiedosos barões da cocaína e os inúmeros traficantes, intermediários e outros tantos envolvidos que lucram imensamente com o negócio.

Nas páginas, o universo de operações policiais que quase nada conseguem no combate aos cartéis, a alta tecnologia empregada pela indústria da droga, o total desconhecimento desse mundo, por meio das autoridades governamentais, a corrupção de fiscais alfandegários e o trágico dessa potente máquina: a morte de uma multidão de viciados diariamente. O início do livro é chocante e exibe uma realidade que é comum aos bairros pobres de Washington, as favelas do Brasil e a toda família que possui um dependente químico em casa.

A história de Frederick Forsyth é fictícia, mas possui fragmentos de verdade. Não creio que uma operação elaborada nos moldes do Cobra possa ter sucesso. Pelo menos, ao longo de um tempo. A corrupção de elementos chaves em um plano como aquele seria rápida. Mas não custa sonhar com toda aquela ação se passando na vida real. O fim dos impiedosos cartéis de drogas é o desejo de muitos. Da mesma forma como é o desejo de muitos a sua continuidade.
O Cobra, de Frederick Forsyth.
Uma boa diversão.

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