Por Leonardo Sodré
Jornalista e escritor
Jornalista e escritor
Na quarta-feira, 1º de outubro de 2014 o prefeito de uma cidade da Grande Natal, onde presto assessoria de imprensa, realizou uma carreata com os candidatos da sua coligação pelas ruas da cidade, até o final de uma avenida, onde realizou um comício.
Saí na frente e fiquei esperando a passagem dos carros para fotografar detalhes da atividade política que reúne os mais diversos tipos de pessoas. Os que adoram serem fotografados, os que detestam, os que vão para beber, os que vão beber muito! Os que dançam, os que aproveitam para pedir uma ajudinha.
Reúne também ambulantes diversos e a cerveja mais vendida é a pavorosa Schin, que perde de longe para as muitas latinhas de cachaça 51 que são consumidas ao longo do cortejo, com músicas altíssimas e fogos, muitos fogos, em cada esquina.
Já vi de tudo nas muitas campanhas em que trabalhei. Tipos engraçados que estão ali para se divertir. Puxadores de saco que estão lá para mostrar aos políticos a sua face. Ei! Eu estou aqui! Parecem dizer...
Mas, nunca tinha me deparado com uma mulher apaixonada e desesperada. Experiência nova que passei quando cheguei perto do palanque improvisado numa picape e começar a anotar o discurso do prefeito para depois produzir “release” para a mídia. A mulher, com lágrimas nos olhos, aproximou-se e disse:
- Meu senhor, eu estou desesperada. Me empreste esta caneta e um pedaço de papel para eu escrever um bilhete para o meu amor!
- Minha senhora... Tentei argumentar, pensando que todo mundo precisa de uma caneta, mas quase ninguém carrega uma.
- É um caso de vida ou morte, eu juro! Disse com abundantes lágrimas que agora escorriam rosto abaixo.
Me rendi. Arranquei um pedaço do bloco de anotações e entreguei minha caneta junto, rogando para que ela fosse mais do que rápida. Antes de escrever apontou com o beiço inferior:
- Ele tá bem ali, vai ser ligeiro...
Ela não demorou muito enquanto escrevia e eu exercitava guardar na mente as palavras do prefeito. Deu certo e quando ela terminou me agradeceu e saiu em disparada para entregar seu bilhete apaixonado. Fui cobrir o evento e me esqueci da mulher. Na volta, quando já estava chegando ao meu carro me deparo novamente com a apaixonada. Agora os olhos dela brilhavam.
- Meu senhor, sua caneta salvou meu namoro, muito obrigada!
Sorrindo, eu já estava abrindo a porta do carro quando a chamei. Ela, distante poucos passos voltou. Estava até mais nova, radiante.
- Diga meu senhor...
- Fique com esta caneta. Ela pode ser muito poderosa...
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