Plinio sanderson
Escritor
Lembro quando o escritor Giba Felisberto Vasconcelos, brincava no Bar Mintchura , lendário boteco do jornalista Miranda Sá (atual Memorial de C. Cascudo, no prédio “vaca amarela” donde tombou Andrezinho de Cunhaú), em meados dos 80, apelando para Maiakovski, se existe um homem feliz, é lá no Brasil, afirmava convicto, e só pode ser o Cascudo. Giba, colunista da revista “Caros Amigos”, cita e recita o “Príncipe do Tirol” em todos os seus artigos. Chama Luís da Câmara de “o filósofo do povo brasileiro”.
E critica a “professorança universitária”, que prefere erigir pensadores estrangeiros como Lacan, Fucô, Weber, e não leva a sério o santo (de casa, incurável provinciano) fazedor de milagres. “O pior de tudo que nem mesmo em Natal, aonde o mestre veio ao mundo, ele não é assimilado na Universidade e em outras instituições, ou seja, a sua obra ainda não se converteu em força material. Para desgraça e infortúnio do povo potiguar”.
Dias depois daquela noite de delírios, charutos e meladinhas, Cascudo, mesmo materializado para toda e sempre eternidade, feneceu. Urge ressuscitar o mestre na sua vastíssima obra, uma pedra fundamental no resgate de nossa memória – tão usurpada e essencial contra a imperiosa globarbarização.
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