sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Inverno traz ainda mais dificuldades para os cerca de 600 mil refugiados sírios


O rigoroso inverno que atinge a Síria e países vizinhos nas últimas semanas trouxe ainda mais dificuldades para os centenas de milhares de refugiados e deslocados internos.



“Apesar de toda a preparação, muitos refugiados estão enfrentando o
frio e a umidade. Ao mesmo tempo, não houve redução no número de sírios
que deixam o país”, disse o porta-voz do ACNUR, Adrian Edwards. Até
quinta-feira da última semana, mais de 612 mil pessoas foram registradas
nos países vizinhos como refugiados ou são assistidos como tal.

Na primeira semana de 2013 aumentou significativamente o número de
pessoas chegando a Jordânia: uma média de 1.100 sírios atravessam a
fronteira todos os dias, embora esse número tenha diminuído nos últimos
dias em razão das chuvas. “A maioria dos recém-chegados veio à pé, com
as roupas encharcadas, cobertas de lama e neve,” disse Edwards.

Refugiados disseram ter abandonado seus pertences para carregar as
crianças nas áreas alagadas no caminho para a Jordânia. O ACNUR enviou
mil cobertores, 500 colchões e roupas para a fronteira. O Programa
Mundial de Alimentos forneceu 3 mil refeições.

No campo de refugiados de Za’atri a enchente da última semana esteve
entre os piores desastres climáticos da Jordânia em 20 anos. O ACNUR
entregou carregamentos de cascalho para elevar o nível do solo e
melhorar o escoamento da água. Foram abertos bueiros em quatro pontos
diferentes ao redor do campo para dar vazão à água acumulada nos
riachos. A situação melhorou.

Também são muito difíceis as condições dos refugiados que vivem fora do
campo. Muitos foram acomodados em abrigos, onde o aquecimento e o
isolamento térmico são limitados, assim como a disponibilidade de roupas
quentes e cobertores. Cerca de seis mil famílias recebem assistência
financeira.

O governo da Jordânia estima que quase 280 mil refugiados sírios
cruzaram a fronteira do país nos últimos 22 meses. Mais de 185 mil
desses já foram registrados pelo ACNUR ou são assistidos pela agência.

No Líbano, a população de refugiados registrados e recebendo
assistência aumentou para quase 200 mil. Na última semana, as
temperaturas se mantiveram muito baixas, próximas do congelamento, e
chegou a nevar. Enchentes ocorreram no assentamento no Vale de Bekaa,
atingiram casas em Wadi Khaled, no norte, e em um armazém mais ao sul de
Sidon, que está abrigando refugiados.

O ACNUR aumentou a distribuição de cobertores, aquecedores,
vales-combustível, roupas quentes e coberturas plásticas. Cerca de 6,7
mil famílias preparam suas casas para enfrentar o mau tempo e a ajuda
foi renovada para 5,3 mil outras famílias.

Na Turquia, as autoridades realizaram um trabalho significativo para
reforçar a capacidade dos campos contra o frio, o que incluiu a criação
de plataformas entre as tendas e o fornecimento de aquecedores, lonas,
coberturas plásticas, roupas e cobertores térmicos extras. O ACNUR
distribuiu tendas familiares para quase 83,5 mil pessoas, cobertores
para 107.220 e utensílios de cozinha para 110.220.

O inverno também afetou o norte do Iraque. A nevasca dificultou a vida
dos refugiados no campo de Domiz e daqueles que estão abrigados em casas
da comunidade local. As pessoas também estão enfrentando alta nos preços
de commodities básicas. “Enquanto as medidas essenciais para combater
o frio já foram tomadas, o ACNUR monitora a situação de perto.
Atualmente precisamos com urgência de mais roupas de frio, botas,
cachecois, especialmente para as crianças”, disse o porta-voz do
ACNUR.

Nos últimos meses, o ACNUR tem assistido famílias deslocadas na Síria,
incluindo cobertores espessos e roupas de inverno. O trabalho nos
abrigos começou no fim de 2012, onde estão em curso programas de
assistência financeira emergencia
l. O ACNUR ajudou mais de 400 mil
pessoas em áreas acessíveis do país, distribuindo itens não
alimentícios, além de recursos financeiros para 15 mil famílias.

ACNUR lamenta a morte de refugiados sírios na Jordânia. Nesta
quinta-feira, o ACNUR lamentou a morte de refugiados sírios no incêndio
ocorrido em um centro de trânsito da cidade de Ramtha, na fronteira da
Jordânia. Dos sete mortos, seis eram crianças.
De acordo com a nota divulgada para a imprensa pela sede do ACNUR em
Genebra, as vítimas eram da mesma família e dormiam em uma casa
pré-fabricada quando ela foi engolida pelas chamas, na noite de
ontem.

Quatro sobreviventes foram imediatamente retirados do Centro de
Trânsito Parque Rei Abdullah e levados para o hospital mais próximo.
Eles estão sendo tratados de queimaduras e inalação de fumaça.

"Uma investigação inicial aponta que o incêndio foi provocado por um
aquecedor a querosene," diz a nota, frisando que o centro de trânsito
abriga mais de 900 refugiados sírios, todos em casas pré-fabricadas.

"As mortes abalaram a comunidade humanitária na Jordânia. A perda de
crianças foi particularmente trágica", diz a nota.

O ACNUR e seus parceiros na Jordânia frequentemente promovem campanhas
de conscientização sobre incêndios em todos os centros de trânsito do
país, assim como em Za’atri, principal campo de refugiados. A
Jordânia abriga mais de 185 mil sírios registrados como refugiados ou
esperando pelo registro. Em torno de 58 mil refugiados – ou um terço
da população refugiada no país -, vivem em campos.

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