terça-feira, 11 de novembro de 2014

Festival Literário de Natal é encerrado com debates de alto nível




A última noite do Festival Literário de Natal foi marcada por discussões de alto nível e um pocket show de Jorge Mautner e Ben Gil. O evento, que ocorreu no sábado (08), atraiu uma multidão para a Praça Augusto Severo para acompanhar de perto a programação literária de uma ação que se consolida na agenda potiguar como uma das mais importantes para a cultura de Natal.

O sábado começou com a mesa “Século XX: o Século de Ouro da poesia portuguesa e brasileira”, pontualmente às 19h30. Para o debate, foram convidados o poeta portugues Gastão Cruz, o escritor moçambicano Fernando Luís Sampaio e o ator potiguar César Ferrario.

A fala dos convidados se centrou em traçar um panorama geral da poesia em língua portuguesa durante todo o século XX, em especial a produzida em Portugal.


Obras de autores como Camilo Pessanha, Mário de Sá Carneiro e Fernando Pessoa foram citadas durante a discussão. A produção poética foi listada até a geração de 1960, da qual o Gastão Cruz fez parte.

A mesa seguinte foi focada em história e em biografia, com a participação do jornalista Vicente Serejo e do escritor Mário Magalhães, autor da biografia do Marighella. A discussão girou em torno da história do guerrilheiro, passando tanto pelos aspectos políticos, quanto também pela produção literária dele.

Personagens potiguares tiveram um destaque especial durante a fala de Mário Magalhães, além da cidade de Natal. A capital do Rio Grande do Norte foi, durante a intentona comunista, tomada pelos revolucionários por três dias e esse foi um dos episódios que mais inspiraram o guerrilheiro.

Além disso, a relação dele com o ex-presidente Café Filho e potiguares como Bangu foram descritas durante o bate papo. Questões como os presos políticos da ditadura também entraram em pauta, além do fato de Carlos Marighella ter sido um grande poeta. Ao final da mesa, o escritor Mário Magalhães foi bastante aplaudido pela plateia.

Para fechar a noite, os músicos Jorge Mautner e Ben Gil travaram um bate papo lítero, poético e musical chamado “do Kaos ao Caos” com muita música e filosofia.

Espaço Moacy Cirne

O último dia do Festival Literário de Natal (FLIN) contou com três rodadas de bate-papo com editoras independentes do Estado no “Espaço Moacy Cirne”, armada na Praça Augusto Severo. Jovens Escribas, Editora Tribo e Queima Bucha de Mossoró participaram da discussão.

Entre os bate-papos da tarde, chamou atenção a participação da Editora Tribo que contou com a fala dos autores dos livros sobre as vidas de Valdetário Carneiro e Marinho Chagas. A editora independente, com pouco mais de um ano de vida, é a revelação do segmento na cidade e além de livros tem apostado em zines, com produção e preço para venda mais acessíveis.

Aureliano Medeiros, editor da Tribo; e os autores Paulo Nascimento, Rafael Barbosa e Luan Xavier compartilharam com o público, que lotou a tenda, os relatos mais interessantes da trajetória de seus biografados, bem como, a inspiração para a criação das obras, o processo de entrevistas e a aceitação do público.

De acordo com o escritor e editor responsável pela Jovens Escribas, Carlos Fialho, os debates abriram o evento à dialogar com a produção mais atual da cidade, reunindo ao longo dos três dias de evento, 15 autores locais.

“Eu acho que a gente nunca viveu uma efervescência tão grande de editoras na cidade. Se a gente for contar, o ano de 2014 foi extremamente rico no campo das biografias, por exemplo, o que é muito importante para o resgate da memória da cidade”, ilustra.

Participaram da feira de editoras durante o FLIN, o “Sebo Vermelho”, “Editora Tribo”, a “CJA”, “Sarau das Letras”, “Caravela Selo Cultural”, “Queima Bucha”, “Jovens Escribas” e os sebos: “Cata-Livros” e “Lisboa”.

O espaço

O Espaço “Moacy Cirne” homenageia o filho ilustre da terra e um dos maiores estudiosos da narrativa visual. Poeta (um dos fundadores do Poema Processo), cinéfilo, teórico e ainda professor do Departamento de Comunicação Social da Universidade Federal Fluminense, Moacy Cirne é considerado um dos pioneiros no estudo das revistas em quadrinhos. Possui mais de 20 livros publicados (de ensaios e poesias), incluindo “A Explosão Criativa dos Quadrinhos” (1970) e “Para Ler Quadrinhos” (1972), considerados algumas das principais obras na área. Faleceu em janeiro deste ano, aos 70, vítima de um câncer no fígado.

Os pequenos também tiveram vez

O poeta, músico e letrista paulista Cid Campos, filho do poeta Augusto Campos, abriu a programação do terceiro e último dia do Festival Literário de Natal – Flin, na tarde do sábado. Era pouco mais de 15h, horário previsto para começar a apresentação, quando o artista subiu ao palco na Tenda do Escritores.

Tocando guitarra e acompanhado por um trio (bateria, baixo e acordeão), Cid mostrou o show “Crianças Crianças”, trabalho de musicalização da poesia que desenvolveu debruçado sobre o universo infantil.

O artista apresentou canções criadas a partir de poemas do pai, Augusto Campos, e de nomes como o inglês Lewis Carroll (autor de Alice no País das Maravilhas) e Paulo Leminski.

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