sábado, 15 de novembro de 2014

PALHAÇO


O riso indiferente do palhaço
faz graça no despenhadeiro circular
da arena. A inconsequência da brincadeira
na falsa impressão de dor e medo.
Confunde a platéia em trejeitos e barulhos
esquecidos no sentido da seriedade. Na ilusão
catatônica das crianças se apresenta
o adulto histriônico. A criança
cresce no momento de se fazer palhaço
pela vida inteira. Arruma o nariz sobre a face
e desconsidera a boca rasgada ao verbo.
A luz acesa permite o reconhecimento.

(Pedro Du Bois, inédito)

Um comentário:

  1. Gratíssimo, Sodré, em pleno sábado, encontrar meu poema em seu espaço. Abraços e bom domingo. Pedro.

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