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Está completando um século, para o ano, a chamada Revolta da Chibata. O chefe, João Cândido, sofreu todo tipo de perseguição, mas conseguiu sobreviver, vindo a falecer há pouco tempo, com a provecta idade de 89 anos, apesar das torturas a que foi submetido.
O episódio, que até hoje incomoda nossa Marinha de Guerra, tem um fato que chama atenção, de triste memória, dos brasileiros: a forma covarde como o governo federal traiu a anistia que concedeu aos revoltosos que, tendo tomado os navios de guerra subjugaram os militares que em terra nada podiam contra o poder de fogo da armada revoltada e disposta na baia da Guanabara. Assim, o governo teve que aceitar os termos impostos pelo líder João Cândido, que entre outras coisas abolia de uma vez por todas a imposição de castigos físicos no Brasil.
Depostas as armas, os marinheiros foram presos, a anistia anulada e muitos dos revoltosos foram mortos e/ou torturados, inclusive o líder Cândido, que apesar de tudo conseguiu sobreviver.
Dizia o famoso historiador inglês Arnold Joseph Toynbee que “aquele que não aprende com a História está fadado a repeti-la”. Pois é o que acontece no Brasil em pleno século vinte e um. Acreditamos em certas lideranças políticas, nelas depositamos as esperanças em mudanças políticas e sociais para melhor e de repente nos vemos traídos. Verdadeiros calotes eleitorais, como já alertou alhures o nosso ministro Francisco Fausto. Portanto, o fato não é novo e pelo visto a geração atual, como a anterior, continuará sendo traída graças à covardia de alguns governantes, que uma vez eleitos jogam no lixo as promessas com que conseguiram atingir o poder. Os exemplos são tantos que bastaria citar u m que serve para bem ilustrar o tipo de traição a que me refiro, ou seja, o problema do vai e vem da legislação dos aposentados da Previdência Social.
Lendo os livros confiáveis e os documentários da época da Revolta da Chibata, ficamos escandalizados com o destino dos marinheiros revoltados e falsamente anistiados, dado seus dias de sofrimento e de assassinato em massa. Entretanto merece nossa comiseração com igual intensidade os pobres e miseráveis que morrem à míngua nas filas dos hospitais pelo país a fora, por absoluto descaso das autoridades que uma vez eleitas encastelam-se em suas próprias benesses e prerrogativas, deixando o povo morrer à míngua, de forma tão indigna como os marinheiros revoltosos do século passado.
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