domingo, 11 de novembro de 2012

Adeus a Alcino Alves da Costa 17/06/1940 à 01/11/2012


João da Mata Costa
Professor / Escritor

Na véspera do dia de finados, dia de Todos os Santos, faleceu um grande
estudioso do cangaço e da cultura sertaneja.  Alcino Alves Costa -
sobrinho do cangaceiro- poeta Manoel Marques da Sila, o Zabelê- , nasceu
em Poço Redondo - SE, e ai viveu intensamente a sua história como ativo
protagonista e  guardião de sua história contada numa dezena de livros.

Filho de Ermerindo Alves da Costa e de Emeliana Marques da Costa, Alcino
foi um politico que amava sua terra e costumes.  Foi prefeito por três
vezes do município de Poço Branco, deixou a politica para se dedicar ao
estudo do cangaço e das ricas tradições culturais de sua terra natal
amada. Grande contador de causos, um caipira como gosta de ser chamado, é
referencia obrigatória em se tradando de cangaço. Mesmo sendo um profundo
conhecedor da saga lampionica, não tinha a presunção daqueles que se
consideram dono da verdade. Gostava de dizer, essa é a minha versão. O seu
primeiro sobre o cangaço, já em terceira edição, teve o prefácio da
professora antropóloga Luitgarde Barros, que escreve: “este livro não é de
ficção”, pelo contrário, o livro tem como objetivo a desmistificação de
alguns detalhes envolvendo um dos fenômenos social mais estudado do
Brasil, o cangaço.

Um homem simples apaixonado pela vida e pelas mulheres. A paixão pelo
cangaço e Sergipe, só perdia para elas. Casou muitas vezes e deixou muitas
viúvas. Além dos livros que conseguiu publicar, deixou outros inéditos. 
No inicio de 2012 estivemos visitando o Alcino em sua casa em Poço
Redondo. Ele se queixava de gota e andava com dificuldade, mesmo assim nos
atendeu e tivemos uma bela proza coletiva onde bebíamos a largos goles
tanta sabedoria feita de um longo e laborioso viver cantando e glosando as
coisas do cinzento sergipano, palco da morte de Lampião na grota de
Angicos. Na ocasião da nossa visita ele me autografou vários livros de sua
autoria. "Lampião além da versão - mentiras e mistérios de Angico" ( 3ª
edição 2011) ,  “O Sertão de Lampião”  ( 2ª edição 2008); e “Poço Redondo,
a saga de um povo” ( 2009).

No prefácio ao livro lampião Além da Versão, ele repte: Estimado João da
Mata, nas paginas deste livro a história de Lampião além da versão. Do
amigo e autor Alcino Costa 25/01/2012.

Na dedicatória ao livro  O sertão de Lampião “, ele escreve: Na história
brasileira a saga de Lampião tem lugar de destaque e o nosso sertão “O
sertão de Lampião” o seu principal e social cenário.

Alcino Alves Costa viveu toda a sua vida num  dos principais cenários,
palco da saga de Lampião.  Ouvindo pessoas  e pesquisando os  lugares e
refúgios onde foram travadas as batalhas ele pode  reunir muitas histórias
e versões contadas dos embates entre coroneis, volantes, coiteiros e
beatos.

Pode não ser a versão verdadeira, mas é uma versão que precisa ser ouvida
e lida. Seus livros ficam e são imprescindíveis para quem estuda o
cangaço e os costumes e cultura dos nordestinos.

O autor ainda escreveu um livro que ele considerava o seu melhor trabalho.
“Maria do Sertão”, seu primeiro romance ficional.  ficcional.  História e
Lendas do Sertão, entre outros livros escritos por Alcino Costa, enriquece
a etnografia nordestina.

Vai em paz meu querido amigo

Saudades

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