Sílvio Caldas
Juiz
Pensei que o Natal deste ano de 2009 fosse ser igual aos outros e em que pese o belo artigo do padre João Medeiros Filho, datado em 17 de dezembro passado, sob o título “Natal: festa do encontro”, estamos vivendo como nunca, no Brasil um autêntico Natal do desencontro. Nosso Natal sofisticou-se. Alguns, é verdade, ainda pretendem festejar o nascimento de Cristo, citado equivocadamente pelo Presidente Lula enquadrando-O numa hipotética situação política. Nosso Natal pode ser lembrado aos pósteros como o Natal dos Panetones das Crianças Pobres (NPCP).
O Presidente Lula, como nunca, disse uma grande e definitiva verdade. “A corrupção, meus amigos, ela é tão perigosa que pode estar na sala ao lado de onde trabalhamos; ou mesmo dentro da nossa própria casa”. Verdade verdadeira, absoluta. Quem sou eu para contrariar tão grave discurso.
Mas segundo os estudiosos da matéria, a corrupção não é um fenômeno genuinamente brasileiro, posto que sempre se ouviu falar em corrupção em outros países, até bem mais adiantados do que o nosso, como Estados Unidos, Rússia, Japão, Alemanha e por aí vai. O que diferencia nosso País dos demais é que aqui os ladrões de colarinho branco não vão para a cadeia e termina sobrando para quem os denuncia.
Outro engano: muita gente pensou que a corrupção na política é praticada por membros de determinados partidos políticos. Ledo engano, pois ela não é propriedade privada. E, como dizia o famoso Barão de Itararé, o maior problema dos nossos políticos é que eles querem praticar na vida pública o que só se deve praticar na privada. Trocadilho à parte, e ainda parafraseando nosso Presidente, nunca antes se roubou tanto nesse País. Pelo menos ao que se saiba. E o pior é a falta de vontade política para se enfrentar com seriedade o problema. Fazer uma campanha tendo como exemplo a tal campanha das “mãos limpas”, como na Itália, é muito difícil de se fazer aqui na terra de Cabral por motivos óbvios. Faltam mãos para tanto.
E para não dizer que não falei de flores, aproveito a oportunidade para desejar aos meus poucos mais diletos e efetivos e afetivos (alguns, nem tanto) leitores os melhores votos de próximos Natais mais pobres de panetones e mais eivados de vergonha na cara e sentido cristão, pois em sendo um Natal de boas recordações, o ano novo será, necessariamente, mais promissor. Afinal, como bem ensina o mestre Cuca, para se obter um panetone é precisão colocar a massa para descansar.
E eu, que tanto gostava do tal panetone, embora diet, esse ano, não sei por que, enjoei do acepipe.
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