Os primeiros testes da Fórmula 1, em Jerez de la Frontera, na Espanha, trouxeram uma conclusão: mais do que nunca, não há muitas conclusões. A proibição dos chamados difusores aquecidos, que usavam os gases quentes expelidos pelos escapamentos para dar mais aderência à parte traseira, somada à complexidade cada vez maior dos carros de F1 atuais, resultou em tempos que pouco esclareceram sobre o potencial dos novos modelos.
Logo no primeiro dia de testes, Kimi Raikkonen foi o mais rápido com a Lotus. Embora o bom desempenho de Raikkonen tenha mostrado que ele não deve ter tantas dificuldades para se readaptar, a Lotus pode ter mandado o carro para a pista com uma configuração mais rápida, usando menos combustível e/ou lastro (os carros usam peso extra para chegar aos 640 kg com o piloto determinados pelo regulamento) apenas para aumentar o moral de Kimi na reestreia.
Ainda assim, a impressão é de que a Lotus tem um carro consistente. É a equipe que deixou a melhor impressão nos primeiros dias. Isso não quer dizer necessariamente que todos achem que ela será a mais rápida. Apenas a que acertou mais a mão nos primeiros dias de pista. "É muito cedo para dizer qualquer coisa, mas eles foram rápidos e consistentes. A Ferrari e a McLaren, e talvez nós, são as grandes dúvidas", ponderou o bicampeão Sebastian Vettel.
Vettel ainda deu boas dicas sobre as diferenças entre o modelo da Red Bull do ano passado e o que alinhará em Melbourne, na Austrália, para a prova de 18 de março. "Temos menos aderência que no ano passado. Os carros de 2010 e 2011 era construídos em torno do difusor duplo e do aquecido. Isso praticamente acabou. Você percebe quando freia, acelera e entra nas curvas. A solução para isso é milhagem", contou o alemão.
Para finalizar, "professor" Vettel ainda falou das diferentes condições em que as equipes andam. "Está bem frio aqui, e nos testes do ano passado tivemos o mesmo problema com os pneus, que foi causado pela baixa temperatura. Quando a temporada começou e chegamos a um clima normal, tudo ficou bem, por isso não há motivo para pânico."
Bem, a Ferrari não estava com essa segurança toda nos primeiros dias, o que instalou um estado de "pré-pânico" entre o time que começa o ano sob maior pressão — a Ferrari não ganha um campeonato há cinco temporadas. Nas primeiras sessões, nem Pat Fry, diretor técnico da equipe, escondia o desânimo. "Não estou feliz com a posição em que estamos agora. Está tudo certo em relação à confiabilidade e à performance, mas precisamos trabalhar mais no que diz respeito às curvas e a algumas peças em particular. A base está ok, mas estamos analisando várias características e temos de testar todas elas", disse Fry.
Felipe Massa — que estreou o F2012 — seguiu o discurso. "Ainda tem muito trabalho. Precisei me concentrar bastante em coisas pequenas, detalhes que precisamos entender. É diferente do que era no passado. O programa [de testes] é muito diferente e mais complicado". Massa foi político, mas não escondeu o desânimo.
O melhor tempo de Alonso no último dia de testes em Jerez, porém, aliviou um pouco a tensão pelos lados de Maranello. "Eu e Felipe conseguimos mudar o carro de branco para preto. O primeiro objetivo era compreender a máquina. Conseguimos, até agora, 20%. Os pneus aquecem rapidamente e finalmente poderemos dar o máximo em classificações. Por outro lado, precisamos trabalhar duro na aerodinâmica e na confiabilidade. É um ótimo carro, mas não é fácil desenvolvê-lo", concluiu Alonso.
Entre as grandes, a McLaren foi a mais discreta, tanto no discurso quanto nos tempos de volta. "Há algumas coisas no carro que precisamos arrumar, mas não há problemas reais. Ele apenas é diferente de pilotar. A Ferrari não mostrou muita coisas, mas a Red Bull, claro, parece rápida, como sempre", disse Lewis Hamilton, que ficou em 3º na última sessão em Jerez.
Diante de tanta complexidade, realmente não dá para tirar muitas conclusões. Mas dá para perceber uma coisa: a Ferrari, que geralmente fala pouco e mede muito as palavras, falou bastante. E não foi nada otimista.
Fonte: Yahoo
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