domingo, 23 de setembro de 2012

Carros, relógios e roupas de marca: Tudo vira música


Paulo Correia
Jornalista
paulo.correia@r7.com

De uns tempos para cá, o Brasil despertou para um fenômeno que não é novo e que já atrai jovens do mundo inteiro: o de escrever, produzir e ouvir músicas que falam sobre marcas de carros, relógios e roupas de grifes importadas. Por aqui, essas canções são compostas, na sua maioria, por integrantes de duplas sertanejas, grupos de funk e cantores do chamado forró eletrônico. Lá fora, a coisa não é muito diferente. Com letras saindo da cabeça de cantores do country norte-americano e dos rappers mais antenados.
No Nordeste brasileiro, grupos de forró incorporaram esse novo filão nas suas gravações e shows disputados em toda a região. Vai desde as atuais “Camaro amarelo” e “Vem ni mim Dogde RAM” até a já batida “ Ai se eu tivesse uma Hilux”. Todas elogiando as máquinas e o sucesso desses veículos na conquista de mulheres.
No México e na comunidade hispânica dos Estados Unidos, o fenômeno é cantado em verso e prosa por artistas tão diferentes como Alfredo Rios e El Cinko. Todos inserindo o luxo como elemento principal de suas composições. Músicas que não diferem das brasileiras e que falam de baladas, mulheres fáceis e muita bebida.
Aqui no Brasil, os cantores de funk que aderiram as letras luxuosas já receberam a denominação de “funkeiros da ostentação”. Nesse bolo, se observa claramente o individualismo generalizado, o consumismo em alta voltagem, o sexo banalizado e uma pitada de valorização ao banditismo.
Nada também muito diferente do que é produzido no México e nas letras mais quentes de Miami. No país do Chaves e do Chapolin, as músicas tratam sobre a violência do narcotráfico e a história dos principais líderes de cartéis. Por aqui, algumas das canções falam de facções criminosas e confrontos com policiais militares.
O interessante de toda essa história é observar como esse estilo atingiu os gêneros musicais e como ele conseguiu colocar todos em um mesmo barco. Em um barco não, mas em um reluzente e veloz iate.     
“Agora eu fiquei doce igual caramelo
Tô tirando onda de camaro amarelo
Agora você diz: "Vem cá que eu te quero!
Quando eu passo no camaro amarelo” 

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