quarta-feira, 3 de abril de 2013

Luz e movimento na fotografia contemporânea



Palestra com o fotógrafo paraibano João Lobo será na UFRN com entrada franca

O público potiguar tem a chance de conferir as imagens experimentais do fotógrafo João Lobo, reunidas no projeto multimídia “Across Lens”. A exposição abre amanhã, 04, às 19h, na Galeria Conviv’Art, no Centro de Convivência da UFRN. O projeto reúne, num mesmo espaço, as fotografias que compõem as exposições Across Lens e Tessituras Urbanas.

Esta será uma boa oportunidade para tomar conhecimento sobre os caminhos seguidos pela fotografia nas artes visuais de hoje. No dia seguinte da abertura da exposição, 05 de abril, às 9h, na Galeria Conviv’Art, no Centro de Convivência da UFRN, João Lobo ministrará a palestra “Luz e Movimento na Fotografia Contemporânea”.

Em seguida, haverá um debate sobre o tema entre o fotógrafo e a curadora Bete Gouveia (diretora do Instituto de Arte Contemporânea da Universidade Federal de Pernambuco), com mediação de Bruna Lobo (Coordenadora de Artes Visuais da FUNESC/PB e professora da Faculdade IESP).

O projeto “Across Lens” ficará aberto à visitação até dia 26 de abril. As exposições já passaram por João Pessoa (PB) e Recife (PE). No próximo semestre, estão agendadas para Santiago (Chile) e Buenos Aires (Argentina).

SERVIÇO

Projeto Across Lens
De 4 a 26 de abril de 2013
Vernissage: 4 de abril, às 19h
Local: Galeria Conviv’Art - Centro de Convivência, Campus da UFRN

Palestra e debate: “Luz e movimento na fotografia contemporânea”
Data: 5 de abril, às 9h
Debatedores: João Lobo, Bete Gouveia e Bruna Lobo (mediadora)
Local: Galeria Conviv’Art - Centro de Convivência, Campus da UFRN

O fotógrafo João Lobo

Nascido no interior da Paraíba, mais especificamente em Brejo do Cruz, a vida de João Lobo mudou quando começou a se interessar por imagens aos 20 e poucos anos, na década de 80. Inquieto e curioso, o trabalho no fotojornalismo – a primeira de suas escolhas na área fotográfica – não o satisfez. Sua vontade era ir além do fato, da imagem-notícia, da narrativa de um evento. Sua agitação pedia mais: o que ele queria era experimentar, ir além do registro e mostrar que a fotografia era, sim, capaz de produzir arte.

Essas experiências o levaram para a Universidade, onde aprofundou conhecimentos teóricos e, também, a lecionar, para que seu trabalho não fosse tão solitário como se apresentava: “A Universidade foi conseqüência do meu aprendizado. O meu estudo de fotografia sempre foi solitário”. Assim como a de um cientista, sua aprendizagem foi a experiência, pura tentativa e erro. Experiência essa que o levou a sair do Brasil e a levar seus trabalho para diversos países, como Portugal, Argentina, Espanha, França, Holanda e Chile.

As imagens de João Lobo buscam desconstruir o real e servem como suporte e estímulo ao trabalho sempre inovador que o caracteriza. É um experimentalista no sentido mais amplo. Trabalha com a luz, com diferentes filmes, quebrando regras de exposição e processamento, obtendo resultados que quase sempre nos surpreendem e acabam produzindo imagens que nos causam um descondicionamento do olhar. Nada é visto da forma que realmente é. Isso só é possível de ser feito com sucesso, porque sua base tradicional e acadêmica na fotografia é bastante consistente. Nada, nele, é por acaso. Os riscos são calculados e ele conhece muito de regras e padrões a ponto de quebrá-los e, novamente, como qualquer cientista, ser capaz de reproduzir a experiência, obtendo os mesmos resultados.

Estes quase 30 anos em que vem transitando entre a prática e teoria, permitiram-lhe desenvolver um olhar crítico e um conhecimento da produção contemporânea, especialmente quando o assunto é arte, uma área em que muitos ainda patinam e se eximem de comentar. O sangue paraibano de João Lobo não lhe permite a isenção. Ele é categórico ao afirmar: “a fotografia está no ápice de seu reconhecimento como arte. A gama de possibilidades que o digital proporcionou, induziu o fotógrafo a mostrar suas produções mais abertamente e em maior escala”.

Nisso ele também tem razão. E, como bom crítico, não fica apenas num discurso saudosista ou criticando novas tecnologias. Ele consegue compreender a transformação de visualidade que o digital trouxe não só para a fotografia, mas para a arte de uma maneira geral: “Outro aspecto salutar é a maior interatividade entre fotografia e artes visuais. De um modo geral, isso facilita o aprendizado e define uma melhor contextualização no ambiente artístico.”

Texto de Simonetta Persichetti, extraído do livro “João Lobo”
Coleção SENAC de fotografia – Editora SENAC-SP, 2008.

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