domingo, 7 de abril de 2013
Tipos populares de Natal
Em toda cidade tem um doido. Ou uma figura folclórica. No Rio grande do Norte eles são de montão. Dizem que é a mania dos casamentos... consanguinios. No interior a população é menor – todos se conhecem – eles de destacam. Na capital são mais disfarçados.
Na Natal de antigamente foram muitos os personagens populares que fizeram a alegria da cidade e da meninada, que têm um pacto com o capeta. Pouca gente conhece os seus nomes de batismo.No Alecrim eles animavam as feiras e os dias pacatos. Muitos eram fascinados pelo movimento veloz. Na cidade pacata eles corriam céleres.
“Cuíca” pedia esmolas e quando era agraciado batia forte com a cabeça na parede, no chão ou na carroceria de algum caminhão. Quando a gente dizia Cuíca, ele respondia ajuizado: – meu nome é Juzé.
“Lambretinha” gostava de fazer ponto na Praça Gentil Ferreira, onde algumas vezes fazia suas trapalhadas e necessidades. Numa cidade de pouco tráfego de automóvel, Lambretinha acelerava e corria célere feito uma lambreta pelas ruas da cidade. Gostava de chupar laranja mesmo misturada com água suja. Dormia em baixo das mangueiras de Maria Boa. Certa vez um cliente perguntou se era boa aquela dormida, e ele de pronto respondeu: – seria melhor não fosse o barulho das meninas.
Outro doido que andava correndo era “Velocidade”. Veado, assumido numa época difícil. Homossexual era pra gente granfina. Numa sexta feira Velocidade teve um banquete. Ao passear na companhia de dois marinheiro numa sexta- feira santa como o dia de hoje, um menino que o conhecia brincou: – hoje é sexta-feira santa. Velocidade respondeu de imediato:
– Marinheiro não é carne é peixe. Na sexta- feira não podia comer carne.
Muitos doidos eram deficientes físicos. “Maria sai da Lata” tinha um defeito na perna e pedia esmolas. Os meninos gritavam: – Maria sai da lata! Ela dizia correndo com um cabo de bassoura: – Maria sai da lata é a mãe.
Geraldo de Lagoa Salgada parecia um cachorro, quando sentado. Andava de quatro por conta do defeito físico. Também corria muito e freava como se fosse um carro.
Muitos outros personagens fizeram a alegria da cidade de Natal. A viúva Machado, Dona Amélia ( foto em anexo da sua casa ) comia o fígado dos meninos, para estancar o cresciment o de suas orelhas. Todos os meninos tinham pavor de ter seu fígado comido, e a mães aproveitavam para evitar que os filhos saíssem para a rua.
“ Cú de Ouro” foi um grande pianista da cidade de Natal, personagem também lendário.
Severina, a imperatriz do Brasil, já não freqüenta o Teatro Alberto Maranhão. Zé Menininho não toca mais sua sanfona e passou a batuta para André Rabequeiro, que também se encantou.
Outra figura popular famosa foi Corisco, um aluisista empedernido. A moçada gritava corisco pai do poço mãe da lua, e Corisco fica va enfurecido, e seu olhar era desesperado enquanto atirava pedras.
A cidade perdeu seus doidos famosos. Os de hoje são enrustidos e sem graça. Nos dias de hoje, o mais famoso é um que anda ali pela cidade alta e não acredita em Deus nem em nada. E Deus, fulano? Que Deus que nada, nunca ninguém me deu nada. Só se acalma quando recebe uma gorjeta
João da Mata Costa.
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