domingo, 22 de dezembro de 2013

A MODERNIDADE DA IGREJA

Públio José – jornalista
(publiojose@gmail.com)

                        Tenho ouvido muito, ultimamente, se falar, se discutir, até se esbravejar sobre a modernidade da Igreja. É um tema recorrente e que vem abrasando sucessivos debates e polêmicas em auditórios os mais variados. Em toda revista que você abre, em todo programa de tv, ou matéria de jornal, principalmente para justificar os argumentos da comunidade gay, a exigência é uma só: a Igreja precisa se modernizar. O interessante em toda essa questão é que os defensores da necessidade urgente, premente, inadiável da Igreja passar por um processo de modernização não entendem do ofício, ou seja, não entendem de igreja. É como se um agricultor passasse a opinar sobre a modernização da política nuclear ou, da mesma forma, como se um pescador quisesse, por cima de pau e pedra, direcionar a política de investimentos de um banco. Seriam fatos totalmente impensáveis, para não dizê-los fora de propósito.
                       Assim, além das inúmeras dificuldades que a Igreja enfrenta nos seus movimentos de evangelização, ainda é obrigada a ver esse descabido propósito se avolumar diante de seus olhos. Em primeiro lugar, é preciso deixar bem claro que esse conceito de modernidade não se aplica à Igreja. Por quê? Porque a Igreja é uma instituição intemporal. Ela não se move de acordo com modismos e tendências delimitados pelo tempo. Mas o que, afinal, move a Igreja? Princípios. E princípios não se modernizam. Tomemos, como exemplo, o princípio mais forte a lastrear a ação da Igreja: o amor. Por ventura, o amor se moderniza? Tomemos outro exemplo: o princípio da verdade. A verdade se moderniza? Tomemos mais um: o princípio do perdão. O perdão se moderniza? Em vista disso, como modernizar a Igreja? Ou como modernizar fidelidade, honestidade, santificação?  
                        Estes, e os demais fundamentos que eternizam sua atividade, não são modernizáveis, nem passíveis de alteração. Muito menos podem ser objeto do desejo de alguns de reformar a base, o alicerce, da atuação da Igreja. Pois foi o próprio Jesus – o proprietário da Igreja – quem disse que “as portas do inferno não prevalecerão sobre ela”. Ora, de que forma as portas do inferno poderiam prevalecer sobre a Igreja? Através do pecado. Aí é onde está o X da questão. O que se pretende, na verdade, é que a Igreja abra seu corolário de princípios para nele ser inoculado o princípio do pecado – este sim, com capacidade suficiente para neutralizar, paralisar, anular, aniquilar a essência da atuação e do discurso da Igreja, atribuições, por sua vez, herdadas do ministério e do discurso de Jesus. Por sinal, na Bíblia, na primeira epístola a Timóteo, capítulo 3, versículo 15, Paulo realça uma das principais qualidades da Igreja.
                        Diz ele: “Para que, se eu tardar, fiques ciente de como se deve proceder na Casa de Deus, que é a Igreja do Deus vivo, coluna e baluarte da verdade”. E aí, tão-somente pelo querer de alguns, modernizar-se-ia, por acaso, a verdade? Mas talvez possamos encontrar uma saída para a questão. Se for moderno, por exemplo, alterar a cor das paredes da Igreja, vá lá que seja. Troquemos a pintura. Se for moderno o piso da Igreja subir ao telhado e o telhado assumir o lugar do piso, façamos isso, então. Quem sabe não fosse melhor trocar a posição das janelas? Elas se abrindo para fora – ao invés de se abrirem para dentro? Ironias à parte, o aspecto físico da Igreja pode até ser modernizado. Seus princípios jamais. Pois, sofrendo eles qualquer alteração, deixam de ser princípios, jogando a Igreja, em conseqüência, na vala comum das instituições humanas. Por acaso, seria este o propósito de Jesus?         

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