domingo, 29 de dezembro de 2013

O maior amigo do cachorro

Walter Medeiros
waltermedeiros@supercabo.com.br

Minha prima, Terezinha Medeiros de Freitas criava uma cadela chamada Diana, da raça Pastor Alemão, e, numa das suas crias, ofereceu-me um cachorro novinho e belo. Assim criei o meu primeiro e único cachorro, que se chamou Hopper e viveu enquanto morávamos na rua Coronel Estêvam e, em seguida, na rua São José - Lagoa Nova. Era um belo cachorro, disposto, amigo, mas não acredito que tenha tido em mim o melhor dono. Lembro que numa disenteria que teve Alderico Leandro o colocou em seu carro e fomos para a clínica veterinária, onde recebeu os devidos cuidados. Seu fim se deu num triste acidente, por ocasião dos festejos juninos.

Depois dessa experiência nunca mais me dispus a criar outro cachorro, mas alguns fatos ligados e esses animais sempre me chamam a atenção. Principalmente quando na aula que tivemos o privilégio de assistir com a professora Miriam Coeli, nossa professora de Ginásio na Escola Industrial, foi feita a leitura da célebre e impecável crônica de Cecília Meireles intitulada “Um cão apenas”. A sensibilização com a crônica era tão grande que chegamos a decorar o texto inteiro. Fala de um cão à porta da casa que não recebe sua atenção e depois ela se arrepende por não tê-lo tratado bem, chegando ao ponto de afirmar que qualquer ser humano pode ser um dia como aquele cão ignorado e solitário.

Tempos depois veio o ministro do Trabalho do Governo Collor, Rogério Magri, dizer que “Cachorro também é ser humano”, ao explicar à imprensa porque um carro oficial havia sido usado para levar um animal ao veterinário. Não existe controle de coisas desse tipo, porque no Brasil hoje não se tem controle de praticamente nada, a não ser no que o Poder Público alopra e usurpa os parcos recursos dos cidadãos. Pois até Tribunal de Contas fiscaliza por amostragem. Daí não ter sido dada nenhuma explicação para aquela cadelinha branca que passeou numa Kombi da Presidência da República, por volta de 2004, salvo engano.

Atento a essas curiosidades, assisti há poucos dias a notícia do cão-guia Orlando, um labrador retriever preto, que saltou nos trilhos do metrô de Manhattan depois que seu dono, cego, perdeu a consciência e caiu enquanto um trem se aproximava. Seu dono, Cecil Williams, 61 anos, escapou de ficar com sérios ferimentos quando o trem passou pelos dois. O cão tentou segurar o seu dono e testemunhas disseram que ele começou a latir freneticamente e tentou evitar que Williams caísse da plataforma.  Por causa do latido, o fato foi percebido e os dois escaparam; a história teve um final feliz.

Nesse fim de semana, outra história chama atenção e comove, pelo inusitado. Normalmente se diz que o cachorro é o maior amigo do homem. Pois desta vez quem deu altaneira demonstração de amizade pelo amigo foi o homem.  Aldinei Magalhães Barbosa findou pagando com a vida a tentativa de salvar o cachorro da família, durante as enchentes de Minas Gerais. Nos dias de hoje, pode-se ampliar aquele trocadilho que diz: “melhor ter um cachorro amigo que um amigo cachorro”.  Com a palavra os cães, para mostrar que o homem é o melhor amigo do cachorro. Até porque os cientistas começaram a encontrar sinais humanos nas reações daqueles animais.

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