quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Curta natalense “Incontinências” será lançado dia 19 no Bardallos




Uma mulher sem identidade perambula por espaços públicos da urbe em busca de si mesma. Em cada cenário, assume um personagem (puta, louca, suicida, alternativa, viúva). Nesse vaguear, recita poemas e emite pensamentos. A transgressão às normas vigentes é seu estandarte.  “Incontinências” é o fluir de ideias, a não aceitação de ditames, numa época em que o politicamente correto torna a sociedade mundial cordeirinha do Estado. É o não bater continência para o estabelecido, para o confortável, para o óbvio ululante.

Concebido na Oficina de Iniciação ao Cinema Digital, promovida pelo SESC/RN, o roteiro de Paulo Dumaresq foi, aos poucos, sendo formatado e a ideia original foi ganhando forma. Nos 11 tratamentos recebidos, cenas foram acrescentadas e o curta foi finalizado em 15 minutos.  
Dumaresq encontrou no diretor de fotografia, Alex Régis, na atriz Camilla Natasha, e no diretor de produção, Davis Josino, os parceiros que precisava para dar vazão ao realizador reprimido que havia nele: “Desenvolvo roteiros desde o início da década de 1990, época em que iniciei também a escrita de textos dramatúrgicos. Na impossibilidade de realizar filmes na subdesenvolvida Natal de 20 anos atrás, o jeito foi salvá-los na memória do computador. Com a ascensão do audiovisual na cidade, chegou o momento de produzir obras fílmicas”.
Ao núcleo base, juntaram-se depois Vladimir Alexandre (assistente de fotografia), Nilson Eloy (captação de som, edição de áudio e mixagem), Alysson Régis (assistente de platô e iluminação), Ricardo Cavalcanti (assistente de platô), Anderson Santos (still), Adriano Azambuja (trilha original) e Bernardo Luiz (edição e finalização). A Música Popular Potiguar também corre frouxa na voz de Romildo Soares (“Algumas verdades sobre a mentira”) e Carlos Bem (“Desalmado”).
O roteirista e realizador foi buscar nos seus ídolos do cinema (Fellini, Pasolini, Godard, Bressane, Sganzerla, Jos Stelling) as referências que precisava para realizar um curta no limite entre o cinema alegórico e o marginal. Não à toa dedica seu primeiro rebento audiovisual ao cineasta Rogério Sganzerla. “Para além do enredo, o filme é uma homenagem ao cinema de autor, principalmente aos malditos do cinema underground”, comenta.
Tanto é assim que o curta apresenta sintomas do cinema marginal, como a narrativa fracionada e a rarefação dramática, afora a ruptura estético-formal-conteudística, marcas daquela tendência do cinema brasileiro, que ficou em evidência no período de 1968 a 1973. “Não é um filme convencional. Trabalhei com signos fílmicos o tempo inteiro. O curta tem um olhar semiótico que gosto de apreciar no cinema e fiz questão de usar em Incontinências. Por esse motivo, pode haver um choque na compreensão do espectador, um estranhamento incômodo ao olhar menos treinado na semiótica”, justifica o diretor.
O filme (re)visita cenários/locações da capital norte-rio-grandense, como a passarela de Potilândia, o Memorial Câmara Cascudo, o Parque das Dunas, o Beco da Quarentena, a praça André de Albuquerque, o cemitério do Alecrim, além das praias de Miami, do Meio e de Tabatinga. Mais papa-jerimum impossível. O resultado pode ser conferido na próxima sexta-feira (19), em sessões às 20h, 21h e 22h, no Bardallo’s Comida & Arte, localizado na rua Gonçalves Lêdo, 678, no centro histórico. A entrada é gratuita.

SERVIÇO:
O quê? Lançamento do curta-metragem “Incontinências”.
Onde? Bardallos Comida & Arte.
Quando? 19 de setembro, às 20h, 21h e 22h.
Quanto? Grátis.


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