domingo, 31 de janeiro de 2010

Beba devagar...


Qualquer festa produz histórias engraçadas e algumas totalmente inusitadas. No aniversário do amigo Francisco Neves (Chicola), neste sábado, animado pela Banda dos Anos 60 e com canjas de Mario Henrique de Faria, Sandra Alcaniz e o baterista Lobinho, que aos dez anos promete ser mais virtuoso do que o pai, Zé Reinaldo, não foi diferente.



Os garçons da festa eram “Meu Preto”, conhecido de todos da confraria do Azulão e Ailton, sacristão do padre Pedro, maestro da Orquestra Sinfônica do RN e pároco da igreja de Santo Antonio. Ailton foi o primeiro a atender nossa mesa, localizada na beira da piscina e defronte para a banda, debaixo de um enorme pé de algodão. Minha Mércia, cervejeira que só, pediu logo uma bem gelada. Aí, o sacristão trouxe uma cerveja sem álcool. Ailton não entendia muito de bar e isso ficou claro.



Pedi uma dose de uísque e ele colocou um copo cheio. Não dava para colocar gelo porque iria transbordar. Uma pena estragar um Old Parr tão carinhosamente oferecido por Chicola, que circulava entre as mesas com alegria e a simpatia que lhe é peculiar. Mário Henrique também ganhou um copo cheio de Old Parr, enquanto Mércia trocava de cerveja.



Ao meu lado estava o conselheiro do Tribunal de Contas, Tarcísio Costa, que reclamava: “tenho três festas para ir no mesmo horário. Esse povo devia combinar...” Sorriu. Decidiu beber uma dose de cachaça Samanaú, para depois rebater com uma cerveja gelada. Técnica caicoense que produz o grau da alegria e da descontração.



Ailton não perdeu a pose. Trouxe uma taça (usada para cerveja) totalmente cheia de cachaça e entregou a Tarcísio, que ficou estupefato. Nesse momento, o aniversariante senta a mesa e pergunta:



- Oxente Tarcísio, bebendo água? Homem! Tem uísque, cerveja, cachaça...



- Isso aqui é cachaça, Chicola. Obra do seu garçom católico...



Nesse momento chega o sacristão. Vale dizer que muito alinhado, de gravata preta, bem barbeado e com uma cruz de ouro pregada na camisa. Tarcísio, então, educadamente passa a pedir uma dose do jeito que é para ser servida.



- Meu caro, eu quero beber a cachaça num copo de cachaça e pouca. Mesmo sendo irmão do dono da Samanaú, Dada, não tenho esse entusiasmo todo para tomar uma taça cheia de cana...



Ailton trocou o pano de prato que trazia dobrado no braço direito para o esquerdo e admoestou tal qual um padre na homilia diária, apontado para a taça de cachaça:



- O problema não é o copo. Não precisa você tomar a cachaça toda de uma vez. Vá tomando aos poucos e fica tudo resolvido. Beba devagar...

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