terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Xô peixe!



A última novidade do verão é a idéia de alguns donos de embarcações, que trafegam nos mares de Pirangi, de realizar uma prévia de carnaval nos parrachos que ficam a cerca de 800 metros da praia, berçário de várias espécies já ameaçadas pelo constante vai e vem de lanchas, diariamente.

O apelido da festa será “Carnaparrachos”.

Mas, como vivemos um período de extenso estresse ambiental, muita gente já está criticando a idéia.

A farofada momesca dos ricos e novos ricos, se ocorrer, deverá ser hilária. Imagine centenas de pessoas – ou quem sabe milhares -, se equilibrando nas lanchas ou nas pedras afiadas dos parrachos, dançando e fazendo suas necessidades dentro do mar, porque onde danado colocariam banheiros químicos?

E a orquestra?

Sim, porque carnaval tem que ter orquestra. Tocando sentada nas lanchas, mas como não cabe todo mundo numa só, divide os instrumentos de sopro numa grande e a bateria noutra, ao sabor das ondas. Músicos mareados... Um horror!

E se alguém enjoar de verdade, que vá vomitar na sua lancha!

Alguém também disse que as lanchas vão receber alegorias, enfeites diversos para assombrar peixe e caranguejo, porque somente eles mesmos irão ver e elogiar o bom gosto de cada lancha. Pode ter até premiação para a lancha mais bonita, a que chegar mais ligeiro e troféu tartaruga para a que chegar por último.

No “kit” do carnaval dos parrachos vai ter remédio para enjôo, salva-vida, saco para prováveis vômitos e um GPS para, caso haja excesso por uísque 12 anos, o piloto acertar a rota de retorno. Também uma bíblia para no caso de ser esquecido nos parrachos e ficar boiando quando a maré subir.

Um pescador experiente daquelas bandas tem aconselhado ao pessoal que façam o carnaval na beira mar, ali naquele encontro do rio com o mar, onde se divide Pirangi do Norte e Pirangi do Sul. Ele disse que é mais seguro e todo mundo podia ver as lanchas enfeitadas.

Além do mais, não corre o risco de algum tocador de trompete ou trombone de vara ficar mareado e provocar uma chuva de detritos de proporções mais do que azedas. Fazendo o que o pescador sugere os carnavalescos do mar também irão agradar os ambientalistas. Por fim, elimina-se todos os riscos.

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