terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Gesto de grandeza do CFM

Walter Medeiros*
waltermedeiros@supercabo.com.br

O julgamento do processo ético-profissional que o Conselho Federal de Medicina - CFM realizará no próximo dia 4 de fevereiro, na sua sede em Brasília, tendo como acusado o médico Luiz Moura, de 85 anos e com 60 anos do exercício da medicina, pode ser uma boa ocasião para a categoria dos médicos dar um exemplo de humanidade, enfrentando dois problemas de uma vez só. O Dr. Luiz Moura será julgado, e poderá ter seus direitos de médico cassados, por ter dado entrevista explicando como funciona a auto-hemoterapia, a técnica que aumenta a imunidade do organismo e vem curando milhares de pessoas no mundo inteiro.

Por um lado, absolvendo o acusado, o CFM corrigiria uma injustiça, pondo fim a um processo que teve origem no Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro – CRM/RJ, para tratar de um assunto no qual aquele mesmo conselho regional já havia se manifestado afirmando que o acusado não estava praticando nada que desabonasse a sua conduta de médico e de membro daquela entidade. Se nada ocorreu que viesse caracterizar nenhuma afronta à conduta dos médicos, é de se esperar que a entidade máxima da sua categoria faça justiça, mandando arquivar o processo e declarando a sua inocência.

Por outro lado, o plenário do CFM, onde vai ser julgado o processo, tem todo poder para determinar na hora o fim de uma situação que vem criando desgastes para a entidade e prejuízo para toda a população brasileira, revogando a ordem segundo a qual os médicos não podem praticar a auto-hemoterapia. O assunto pode ser tratado no âmbito das normas que deixam nas mãos dos médicos a decisão de utilizar os procedimentos, desde que informem ao paciente em que situação se encontra no que se refere a pesquisa científica e obtenham o consentimento para usá-la, aliando a isto a responsabilidade que cada profissional tem sobre os seus próprios atos.

Na mesma ocasião pode ser determinada a elaboração de uma resolução estabelecendo as formas já comprovadas de eficácia no uso da auto-hemoterapia, como Tampão Sanguíneo Peridural e Plasma Rico em Plaquetas, bem como determinando os tipos de pesquisas que precisam ser feitas para regulamentar o uso da terapia nos demais casos. Isto resolveria um vazio que surgiu depois que o uso da auto-hemoterapia foi simplesmente proibido, gerando até problemas internos, como o caso dos anestesiologistas, que reclamaram para usar o Tampão Sanguíneo Peridural e o próprio CFM teve de emitir nota corrigindo sua resolução e afirmando que esse procedimento tem vasta comprovação científica.

A absolvição do Dr. Luiz Moura, a regulamentação do uso da auto-hemoterapia e o estabelecimento de pesquisas para esclarecer os seus efeitos no organismo pode ser a melhor decisão dos conselheiros do CFM, no julgamento do próximo dia 4, a partir das 14 horas. Uma decisão nesse nível seria um gesto de grandeza, pelo qual a sociedade brasileira seria grata e voltaria a crer na justiça, seriedade, responsabilidade e nos bons propósitos da entidade máxima dos médicos brasileiros. Até porque está em pauta a decisão do destino profissional de um homem de 85 anos, que passou muitas décadas salvando vidas e sua luta é por salvar outras mais.

* Jornalista

Um comentário:

  1. Se meditarmos bem sobre este texto, chegaremos à conclusão de que é uma grande oportunidade para o CFM mostrar a toda Nação que a Medicina Moderna tem como cunho principal curar pessoas.

    Entretanto, se o CFM persistir no equívoco de manter a proibição da Auto-hemoterapi, e ainda pior, cassar o direito ao trabalho do Dr. Luiz Moura, estará comprovando que o compromisso da Ciência Moderna está mesmo bem distante do juramento Hipocrático.

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