segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Circuito de teatro na periferia

Paulo Correia
Jornalista

A revista Bravo, na sua edição de janeiro, trouxe um caderno especial sobre o panorama das artes no estado da Bahia. Um apanhado sobre a cena cultural nesse começo de século XXI nas terras do mestre Jorge Amado. Do movimento roqueiro na cidade de Salvador, passando pela literatura de cordel que invade praças e conquista fiéis leitores também na Internet.

No meio dessa boa safra, uma matéria me chamou mais a atenção. O texto era sobre os 20 anos do Bando de Teatro Olodum, que na sua batalhadora carreira já apresentou 27 espetáculos. Um deles, Ó Pai Ó! foi transformado em filme, e logo depois em série da Rede Globo. A peça exibe a convivência de vários moradores de um cortiço no bairro histórico do Pelourinho.

Nessa reportagem, assinada pelo jornalista Marcos Uzel, o projeto Festival de Teatro do Subúrbio, uma iniciativa dos grupos de teatro da cidade, despertou nesse natalense o desejo de conhecer melhor os trabalhos dos atores baianos. Promovido entre os dias 11 e 20 de setembro de 2009, a primeira edição do festival foi um sucesso de público e crítica, e contou com 12 espetáculos, 12 grupos, e mais de 300 artistas envolvidos, além de 40 horas de oficinas artísticas na programação. O projeto foi desenvolvido no Subúrbio Ferroviário, região periférica de Salvador conhecida pela linha ferroviária que liga o bairro da Calçada, que fica na Cidade Baixa, até o bairro de Paripe, que fica na região noroeste da cidade.

O Bando de Teatro Olodum apresentou para o público a peça “O Cabaré da Rrrrraça” que trata de questões do dia a dia do negro no Brasil. Um espetáculo que mostra toda a perversidade de nossos dias.

Será que os grupos de teatro de Natal e de outras cidades, tomando como exemplo o bom projeto dos atores de Salvador, não poderiam fazer o mesmo em nossas periferias ou zonas rurais mais afastadas?

O talento de nossa classe artística é inquestionável, e com uma boa iniciativa como essa, o nosso mercado cultural só ganharia destaque.

Os nossos gestores deveriam também observar melhor esse projeto do festival, pois com uma administração que tem como slogan oficial a mensagem Governo de Todos, esse bom exemplo poderia ser um ponto positivo.

Iniciativas como o Agosto de Teatro, promovido pela Fundação José Augusto (FJA) em Natal, poderia ganhar as praças de pequenas cidades de nosso RN. Outro bom trabalho, o Projeto Seis e Meia, poderia visitar a Zona Norte da capital, e não somente realizar as suas apresentações no velho TAM ou em Mossoró.

Na outra ponta da história, vários grupos tentam, nas suas inúmeras dificuldades, levantar a bandeira da arte nos quatro cantos da cidade. Um deles é o Grupo de Teatro Facetas e Mutretas, uma brisa de boas invenções que tem a sua sede em Natal.

A turma em 2009 apresentou, no Conjunto Pirangi, Zona Sul da cidade, o espetáculo “O Bizarro sonho de Steven”, que marcou com muita criatividade os 10 anos de batalha pela cultura.

Será que nosso futuro Governador não poderia observar esses grupos e seus trabalhos com mais respeito, e quem sabe, não levar suas montagens para outros pontos do estado?

Que 2010 responda positivamente.

Um comentário:

  1. excelente,materia,quando os governantes aprender a ver e ouvir a vozes de quem faz a arte,ja vai ser um caminho para mudanca.parabens pela materia. axe.......

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