Ailton Salviano
Concluinte de Jornalismo (UFRN)
Para quem defende ardorosamente a demolição do Machadão e a construção em seu lugar da Arena das Dunas, é recomendável tirar lições do que acontece com os estádios de futebol construídos em Portugal para sediar a Eurocopa de 2004. Os cinco estádios públicos edificados(o Machadão não será construído, e sim demolido para ser edificado outro... Já seria um elefante branco?) para aquela competição transformaram-se em crônicos problemas financeiros para os seus gestores. Os gastos com suas manutenções tornaram-se tão elevados ( o custo de manutenção do novo estádio será menor, pois o concreto do ATUAL Machadão está em constante processo de corrosão) que surgiu a absurda idéia de suas demolições.
A euforia portuguesa de sediar a Eurocopa atropelou a exigência de projetos que contemplassem a manutenção dos estádios pós-competição. O orgulho lusitano e o desejo de tornar-se campeão europeu de seleções conceberam o problema. A seleção portuguesa, treinada por Felipão, perdeu o título na final para o time grego e hoje, o que se percebe são prefeituras endividadas e obrigadas a manter verdadeiros elefantes brancos sem qualquer utilidade.
Entre amortizações de empréstimos e gastos com manutenções dos estádios, as limitadas prefeituras de cidades portuguesas desembolsam grandes fortunas anualmente. Segundo reportagem do jornalista Hugo Daniel Sousa veiculada neste domingo, 7 de fevereiro de 2010, as seis prefeituras que construíram estádios gastam anualmente 19,9 milhões de euros e com uma forte tendência de aumentar por conta do aumento das taxas de juros.
Os problemas com esses estádios portugueses são os mais diversos. Na cidade de Leiria, por exemplo, lamenta-se que a obra foi construída numa área nobre da cidade (semelhante à Natal !sic!!!?) (o Machadão não será construído, e sim demolido para ser edificado outro ele já está localizado numa área nobre) ocupando um terreno que não dá mais espaço para outras benfeitorias urbanas. Noutro extremo, as populações de Aveiro e Braga reclamam porque os estádios foram erguidos fora do perímetro urbano da cidade. Enquanto moradores do Algarve lastimam não ter nenhuma equipe na Primeira Divisão (também nosso caso).
Não adianta dizer que aqui em Natal, o futuro estádio será passado para a iniciativa privada. Isto é simplesmente transferir o problema. Com os nossos times disputando os últimos lugares na “série B” do campeonato brasileiro, vai ser difícil atrair torcedores para grandes jogos. Os otimistas hão de dizer: o estádio poderá ser utilizado para shows musicais. Boa saída, mas será que a economia da cidade suporta esses shows semanalmente?
A China, sede dos Jogos Olímpicos de 2008, está conseguindo manter o seu formoso estádio, popularmente conhecido como o “Ninho de Pássaro”, onde foram gastos 500 milhões de dólares, cobrando a visita diária aos turistas. Todos querem ver a pista onde o corredor jamaicano Usain Bolt bateu dois recordes mundiais. Curiosidade esta que poderá desaparecer após a próxima olimpíada.
Na Inglaterra, atualmente sede do futebol mais caro do mundo, a empresa Wembley National Stadium Ltd. sofre para manter o novo Estádio de Wembley. Obrigada a desembolsar anualmente 30 milhões de euros somente em juros, a gestora de Wembley tem apelado para os grandes jogos de qualificação do English Team e outros eventos como partidas de futebol americano e concertos de famosas bandas internacionais.
Um consenso internacional está se formando com base na afirmação de Zhang Hengli, vice-gerente do consórcio, responsável pela administração do Ninho de Pássaro chinês: “A maioria dos estádios do mundo administrados com métodos normais não consegue dar lucro". Daí a expressão “Elefante Branco”, algo grande, bonito mas, sem utilidade e que só dá despesa!
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