O presidente da Faern (Federação da Agricultura e Pecuária do Rio Grande do Norte) e do Senar (Sistema Nacional de Aprendizagem Rural no Rio Grande do Norte) José Álvares Vieira disse que "o desenvolvimento termina onde o asfalto acaba" e que o setor rural "está completamente desamparado em saúde, educação, segurança e moradia no país". Vieira, falou com base em estudo divulgado na semana passada pela CNA (Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária) que mostra que as escolas rurais são escolas esquecidas pelo restante do Brasil.
Pesquisa do Ibope e Instituto Paulo Montenegro detalha as precariedades do ensino básico no interior do país, que condena alunos das áreas rurais à falta de perspectivas de futuro. De acordo com a pesquisa, as escolas rurais estão abandonas pelo poder público, sem computadores e sem telefones, até mesmo sem bibliotecas ou mesmo uma simples sala de leitura, em ambientes que condenam os alunos à desesperança e imobilidade social.
Esse é o cenário identificado pelo Estudo Nacional das Escolas Rurais, trabalho inédito contratado pelo Sistema CNA/Senar e realizado pelo Ibope, Instituto Paulo Montenegro e Instituto CNA para mapear a situação das unidades de ensino fundamental do interior brasileiro, que revela dados surpreendentes.
Pesquisa
pesquisa foi realizada em escolas multisseriadas em 10 estados: Bahia, Minas Gerais, Mato Grosso, Pará, Pernambuco, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Tocantins e Distrito Federal. Em cada uma das cinco regiões do Brasil foram escolhidos dois estados, aquele com o melhor resultado do Ideb e o que tem o pior resultado.
Os dados obtidos são preocupantes. Cerca de 70% das escolas rurais não têm biblioteca e somente 32% têm banheiros adequados. Em 76% das escolas, o antiquado mimeógrafo está presente e é um importante instrumento de apoio ao ensino. Em contrapartida, 66% das escolas não têm computador, 74% não têm máquina fotocopiadora e 56% não têm televisão, videocassetes ou aparelho de DVD. O cenário desolador vai além das condições físicas das escolas, envolvendo também a situação do corpo docente, índice de rendimento e baixas expectativas dos alunos, conclui o estudo.
Carlos Alberto Barbosa
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