sábado, 28 de agosto de 2010

Assassino de jornalista continua solto

Paulo Correia
Jornalista

A revista Istoé, na sua edição de 18 de agosto tratou sobre mais um caso, entre centenas, em que a Justiça brasileira é benevolente com um matador confesso. Na matéria, assinada pela repórter Patrícia Diguê, o caso da jornalista Sandra Gomide, que foi brutalmente assassinada pelo ex-namorado, o também jornalista Antônio Pimenta Neves, é lembrado depois de dez anos do ocorrido. No texto, a descoberta do lastimável estado em que ficaram os pais de Sandra, doentes e sem condições financeiras. E o pior: a liberdade, por meio de habeas corpus, para o assassino de sua filha.

O assassinato de Sandra Gomide aconteceu no ano de 2000, de lá para cá a coisa só piorou, aumentando as estatísticas vergonhosas de casos de violência contra mulheres no país. Segundo dados do serviço Ligue 180, da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, 24.523 pessoas relataram agressões em 2009. Segundo a pesquisa, Em 2007 foram registrados 20.050 casos. Os números são de mulheres que aceitaram relatar como foram agredidas.

Desse total, 6.499 telefonemas foram para relatar ameaças de morte ou agressão. Outras 13.785 ligações foram para contar sobre agressões leves, graves ou gravíssimas. A maior parte das mulheres que relatou as agressões por telefone (64,9%) disse que é agredida diariamente. Cerca de 16% revelaram sofrer alguma agressão semanalmente.

Na reportagem da Istoé, a constatação da impotência dos pais de Sandra Gomide, dois idosos cheios de problemas de saúde e que tinham na filha uma fortaleza para se ampararem. Uma trajetória marcada pelo ciúme de um débil mental e pelos furos da nossa Justiça.

Até quando o Brasil vai assistir a proliferação de casos desse tipo, onde uma mulher é morta barbaramente porque decidiu por fim a um relacionamento amoroso? E até quando bandidos confessos como Pimenta Neves serão poupados de condenações?

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