João da Mata Costa
Escritor
Há cem anos nascia Américo de Oliveira Costa, um dos maiores intelectuais do estado do Rio Grande do Norte. Um grande leitor escreveu um belo livro sobre os livros e seus habitantes. Um livro de amor ao livro. A Biblioteca e Seus Habitantes, publicado em 1970 pela Imprensa Universitária, com uma bela capa do Quixote do Newton Navarro. Américo possuía uma rica Biblioteca que hoje infelizmente é pagina de jornal, não pelo seu valor inestimável, mas pela briga dos herdeiros. A biblioteca precisa respirar, ser lida e folheada para que ela continue viva. O livro, concordo com o meu querido amigo Américo, são os nossos melhores amigos. Companheiro de todas as horas e solidão. Quantos habitantes e amigos numa biblioteca.
Triste fim o de nossos acervos e memória. A Biblioteca do Américo é um livro de um grande leitor e contém muitas citações e referências bibliográficas, com ênfase na literatura francesa.
A Biblioteca do Américo de Oliveira Costa continua nas páginas dos vários tomos de “ O Comércio das Palavras!” – Textos e Montagens. Leio-os com grande prazer esse caleidoscópio de palavras formando um rico painel que nunca cansamos de olhar e aprender.
Da Biblioteca Americana escrita numa província em horas roubadas das tarefas obrigatórias, escreveu Cascudo em 1970... “Essencial, para mim, ressaltar dois ângulos nesses ensaios: a memória não dominou a imaginação criadora – a multiplicidade receptiva não prejudicou a clareza da transmissão”.
Sim, meu mestre, nada podemos fazer de grande sem a imaginação: mãe de toda ciência e poesia.
Américo foi também um grande Cascudófilo. Escreveu, em 1969, “Viagem ao Universo de Câmara Cascudo”. Um livro de um grande conhecedor e leitor do universo de Luis da Câmara Cascudo. A viagem de Américo por esse universo de nós mesmos, acontecia no ano de 969. O homem pisava a lua e a Fundação José Augusto era outra, lançava grandes livros do porte e a monumentalidade dessa viagem ao universo cascudiano. Livro essencial para quem deseja iniciar viagem por esse universo. Tenho certeza não voltarás o mesmo,
Américo achou pouco e continua falando de Cascudo nas paginas deliciosas de seu “ O comércio das Palavras”. Ler Américo é conversar com um amigo. È conversar sobre livros e seus fazedores do maravilhoso. Américo não restringe seu universo aos franceses e grande clássicos da literatura universal. Ele freqüenta os grandes escritores e ensaístas brasileiros e faz um longo pouso nesse manancial inesgotável que é Câmara Cascudo.
Obrigado meu querido mestre. Sua biblioteca é sua biografia. Que ela tenha uma destinação digna de sua viagem pelo universo dos livros.
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