MARCUS ARANHA
Escritor
Francisco Everaldo Oliveira Silva, o palhaço Tiririca, é candidato a deputado federal por São Paulo.
Na propaganda eleitoral na TV ele diz: “Você sabe o que faz um deputado federal? Eu também não. Mas vota em mim que quando for eleito eu te conto.”
“Vote em Tiririca, pior do que tá não fica.”
Se Tiririca não sabe um deputado federal eu posso lembrar aqui. Ele ganha mais de cento e trinta mil reais por mês além de outras vantagens financeiras que-só-Deus-sabe-porque. Além disso, tem direito a passagens aéreas semanalmente de Brasília para o Estado que representa. Faz viagens ao exterior representando a Câmara nos mais diversos eventos. Sai do seu Estado para Brasília na terça e volta na quinta; ou seja, trabalha dois dias e meio por semana.
Nesses dois dias e meio ele faz coisas como aprovar projetos que criam o Dia do Sanfoneiro, O Dia do Despachante Legal, o Dia do Carteiro e outros “dias” destinados a homenagear a categoria distinguida e proporcionar-lhe feriado no dia da homenagem.
Mas, vejamos que outras coisas fazem os deputados. Incharam o currículo escolar dos alunos do ensino básico incluindo novos conteúdos na Lei de Diretrizes e Bases da Educação; assim sendo, as escolas de todo país se viram obrigadas a ensinar Filosofia, Sociologia, Artes, Música, Cultura Afro-Brasileira, Cultura Indígena, Direitos das Crianças e Adolescentes.
Ora, em especial na rede pública onde a maioria dos alunos não consegue aprender satisfatoriamente português e matemática, como vai absorver ensinamentos sobre as Culturas Afro-Brasileira e Indígena?
E o que acham de, no ensino básico, enfiar na cabeça dos alunos Filosofia e Sociologia.
Hilária são as justificativas para as emendas feitas pelos deputados. Segundo eles, a cultura afro-brasileira deve ser lecionada com o objetivo de resgatar a dívida histórica com a escravidão e a cultura indígena para o resgate da dívida social com os povos da floresta.
As emendas dos senhores deputados só trouxeram problemas que perpetuam a má qualidade da nossa educação básica. Isso está claro com o desempenho dos estudantes brasileiros nas provas e testes internacionais de avaliação do conhecimento.
Tendo uma alfabetização e uma formação básica deficientes nossos estudantes estão sempre nas últimas colocações.
Danado é que outras dezenas de projetos com novas inclusões no currículo escolar tramitam no Congresso, incluindo coisas como meio ambiente, regras de trânsito e direitos dos idosos.
São tantas as “novidades curriculares” que se torna impossível montar um currículo.
Tai... São coisas como essas que andam fazendo os nossos deputados federais.
Em três de outubro não quebre a cabeça para escolher o deputado em quem votar, pois Tiririca é quem tá certo: pior do que tá não fica
Publicado em o Correio da Paraíba de 29 de agosto de 2010.
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