quinta-feira, 21 de junho de 2012

Mesmo o maior problema pede um sorriso

Flávio Rezende
escritorflaviorezende@gmail.com

Vivemos um tempo onde muitas operações policiais estão acontecendo. Devemos enaltecer a liberdade de ação que nossa Polícia Federal vem tendo, pedindo só que realizem os procedimentos de maneira correta, evitando alguns constrangimentos desnecessários e exposições um tanto quanto exageradas.

Quando faço este apelo aos policiais de todas as esferas, não estou querendo dizer que isso deva acontecer apenas naquelas operações que envolvem pessoas ricas, não! Peço até que os recolhimentos prisionais dos pobres sejam mais amenos, menos agressivos, que abordagens noturnas, arrombamentos, averiguações, levem sempre em conta que as pessoas podem também não ter culpa no cartório.

Observamos chutes em portas, desorganização de quartos, móveis e escritórios, muitas vezes de forma muito deselegante e despropositada, causando uma série de problemas na ressaca das operações, sendo até injusta com pessoas que necessariamente não estão envolvidas com as investigações. Imagine uma família que tem sua casa alvo de uma dessas operações, com os filhos vendo seus computadores sendo levados, seus cadernos, livros, roupas, desarrumados, objetos decorativos muitas vezes quebrados e, uma série de outros vandalismos, muitos dos quais promovidos pela polícia civil e policiais militares.

Basta assistir os muitos canais de televisão que dão muito espaço para a questão policial, para que abertamente, escancaradamente, possamos nos horrorizar com cenas muito desagradáveis de policiais quebrando tudo na procura de drogas, indícios e outras coisas mais. Óbvio que não estou defendendo bandido, criminoso, mas, como uma pessoa sensível não posso achar correto que se queira penalizar alguém por antecipação promovendo quebra-quebra em seu lar ou ambiente de trabalho. A educação deve estar presente em todas as operações. Devemos ter uma polícia inteligente e impregnada com valores humanos, do contrário, vamos gerar revolta nos que são do mal e, naqueles que são vítimas destas circunstâncias, colocando nomundo da criminalidade, por ódio ao Estado, muitos que até então eram inocentes.

Escrevo este artigo também, para enaltecer a importância do sorriso. Pode parecer um absurdo o riso e o que estava escrevendo, mas, percebo que até nas situações mais difíceis para algumas pessoas, como uma prisão, um julgamento, um deslocamento cercado de muitos repórteres e em outros momentos de elevada tensão pessoal, sempre existe espaço para um sorriso, por mais amarelo que seja.

Perceba que mesmo depondo numa CPI, cercado de todos os lados, o acusado vez por outra dá um risinho de leve. Você já viu um acusado no meio de dezenas de microfones, num corredor de gente saindo ou entrando numa delegacia, mesmo naquele ambiente, às vezes uma pessoa, uma frase, faz o sujeito liberar uma risadinha de leve.

O sorriso é um potente remédio quando a vida está normal. É bem vindo nos acontecimentos sociais, descontrai, promove a integração. Uma pessoa que tem o sorriso frouxo conquista fácil os demais, arranja até namorada, afinal, quemnão gosta de gente bem humorada? Este mesmo sorriso que torna qualquer ambiente aureolado de benfazejos pirlinpinpins do bem, também serve como válvula de escape para os sujeitos na mais alta fervura do estresse, tornando-se o riso o salvo conduto para a sobrevivência por mais algum tempo no turbilhão de dificuldades ao qual esses seres se enredaram.

Façamos de nossa vida um enredo do bem, para que o sorriso esteja sempre atrelado ao lado relax das coisas, do contrário, sorrir quando sua porta é arrombada, quando você precisa encarar um julgamento ou um corredor lotado de repórteres, pode até lhe aliviar momentaneamente, mas, certamente, neste caminho, você vai chorar muito mais, isso vai...

Flávio Rezende é escritor, jornalista e ativista social

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