domingo, 10 de fevereiro de 2013

Abraham Lincoln X John Fitzgerald Kennedy


Armando Negreiros
Médico 
(armandoanegreiros@hotmail.com)

         Depois de cerca de dois anos sem ir ao cinema resolvi assistir a alguns filmes candidatos ao Oscar 2013. Realmente há filmes que só valem a pena no cinema. O grande problema é que os telespectadores não têm a menor educação. Ficam amassando sacos de pipoca e mastigando com ruídos mais apropriados para um estábulo. Vi Django Livre de Quentin Tarantino Com Jamie Foxx, Christoph Waltz (ator austríaco que faz o papel do cruel poliglota alemão Hans Lander de “Bastardos Inglórios”) e Leonardo DiCaprio. Excelente filme. Outro muito bom, porém monótono, é Lincoln de Steven Spielberg com Daniel Day-Lewis, Sally Field, David Strathairn. Não é o que se espera de Spielberg, entretanto, como diz Isabela Boscov, para quem gosta de história (e tem paciência, acrescento eu) os diálogos são fantásticos.
Lincoln, o décimo-sexto presidente dos Estados Unidos, conseguiu acabar com a Guerra da Secessão, ou Guerra Civil Americana, que ocorreu entre 1861 e 1865 e concomitantemente com a escravidão. Era o norte do país industrializado contra o sul escravocrata. Morreram quase um milhão de americanos, cerca de 3% da população americana à época. Alguns conselheiros achavam que Lincoln deveria ganhar a guerra e deixar a questão da décima-terceira emenda, que acabava com a escravidão, para segundo plano. Entretanto, ele insistiu que uma coisa era consequência da outra, usou de todos os métodos possíveis, muitos dos quais criticáveis – beirando a corrupção -, mas justificável por defender uma boa causa. O filme é bom, mas como dizia meu avô Manoel Negreiros, “deveria ser melhor”. Uma das falhas do filme é não mostrar o assassinato de Lincoln no teatro Ford. Chega apenas a notícia de que ele fora baleado.
Numa época em que ainda não existia Internet, guardei algumas anotações que referiam coincidências incríveis entre Lincoln e Kennedy. Cheguei a publicá-las numa crônica que está reproduzida no meu livro “A folga da dobra”. A primeira versão foi publicada em 1964, logo após o assassinato de Kennedy. Plagiando a Globo, vale a pena ler de novo. Reproduzo a lista. O trigésimo item foi acrescentado por mim, portanto é somente uma opinião.
1. Abraham Lincoln foi eleito para o Congresso em 1846.
2. John F. Kennedy foi eleito para o Congresso em 1946.
3. Abraham Lincoln foi eleito presidente em 1860.
4. John F. Kennedy foi eleito presidente em 1960.
5. Os nomes Lincoln e Kennedy têm sete letras.
6. Ambos estavam comprometidos na defesa dos direitos civis.
7. As esposas de ambos perderam filhos enquanto viviam na Casa Branca.
8. Ambos os presidentes estavam preocupados com os problemas dos negros norte-americanos.
9. Ambos os presidentes foram baleados numa sexta-feira.
10. Ambos os presidentes foram assassinados com um disparo na cabeça.
11. Ambos os presidentes foram assassinados na presença da esposa.
12. A secretária de Lincoln chamava-se Kennedy e lhe disse para não ir ao teatro.
13. A secretária de Kennedy chamava-se Lincoln e ela avisou a ele para não ir a Dallas.
14. Ambos os presidentes foram assassinados por sulistas.
15. Ambos os presidentes foram sucedidos por sulistas.
16. Ambos os sucessores chamavam-se Johnson.
17. Andrew Johnson, que sucedeu a Lincoln, nasceu em 1808.
18. Lyndon Johnson, que sucedeu a Kennedy, nasceu em 1908.
19. John Wilkes Booth, que assassinou Lincoln, nasceu em 1839.
20. Lee Harvey Oswald, que assassinou Kennedy, nasceu em 1939.
21. Ambos os assassinos eram conhecidos pelos seus três nomes.
22. Os nomes de ambos os assassinos têm quinze letras.
23. Booth saiu correndo de um teatro e foi apanhado num depósito.
24. Oswald saiu correndo de um depósito e foi apanhado num cinema.
25. Booth e Oswald foram assassinados antes de seu julgamento.
26. O assassinato de Kennedy foi filmado por um homem chamado Abraham.
27. O teatro de Ford era propriedade de um homem chamado John.
28. Lincoln foi morto no Teatro Ford.
29. Kennedy foi morto num carro Ford, modelo Lincoln…
30. Ambos os filmes sobre os dois presidentes, Lincoln e Kennedy, são longos e monótonos.

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