Públio José – jornalista
(publiojose@gmail.com)
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Desde que o homem se entende por gente, por mais diversos que sejam os hábitos, as tradições, a cultura, a hora e o lugar, o negócio é levar vantagem. A História está cheia de exemplos de homens e mulheres extremamente sabidos, ardilosos, manhosos, cuja máxima de vida era levar vantagem – sempre. Aqui no Brasil, logo após a Copa do Mundo de 70, notabilizou-se o jogador Gérson quando, ao estrelar um comercial para uma marca de cigarros, afirmava que o negócio era levar vantagem. Criou-se o estigma de que Gérson é que tinha inventado a Lei da Vantagem. Bobagem, conversa pra boi dormir. E onde ficariam Cleópatra, Lucrécia Bórgia, Jacó, Saul, Herodes e tantos outros personagens que fizeram do levar vantagem, do atropelar os outros, a expressão máxima do governar, do guerrear, do conquistar, do sempre chegar primeiro?
Ou por outra, quem é Gérson diante de tão sabidas criaturas? Não estou aqui para defender Gérson, mas para estabelecer uma análise fria, real, sem emocionalismos, entre o viver somente em busca da vantagem e a vantagem verdadeira que isso acarreta. Aliás, pelo que se nota, querer viver sempre na vantagem acarreta uma desvantagem incrível. Cleópatra, por exemplo, teve de se suicidar arrodeada de cobras, venenos e outras maldições em razão da opção de vida que escolhera; Saul terminou seus dias de Rei de Israel espetado numa lança de um amalequita, povo ao qual combatera e vencera tempos atrás com galhardia, mas através do qual encontrara a morte após querer ser sabido demais diante de Deus. O próprio Gérson depois do comercial que instituiu a Lei da Vantagem nunca mais foi o mesmo, amargando uma vida de ostracismo e isolamento das massas. Como se vê, desvantagem pura.
Hitler, louvado e celebrado como estadista e líder super dotado, que sempre sobrepujava os seus oponentes, inventou de enlarguecer seu horizonte de guerra abrindo uma nova frente na Rússia e se deu extremamente mal. Terminou seus dias ilhado num bunker, onde a única alternativa que lhe restou foi abraçar a morte. Judas, o mais letrado entre os discípulos de Jesus, imaginou ser uma grande vantagem vender o Mestre por 30 moedas e terminou tendo também a morte como a melhor das companheiras. A lista é enorme e permanecerá sempre inconclusa. Abrange políticos, atletas, profissionais liberais, religiosos... Enfim, líderes dos mais diversos quadrantes e especialidades. Todos almejando o melhor da vida, o reconhecimento dos adversários e amigos e a glória das massas. De comum entre eles os métodos e a indiferença pelos que foram atropelados e ficaram para trás.
Mas, graças a Deus, também temos exemplos de pessoas que fundamentaram suas vidas em razão do outro. Que se doaram sem nada pedir. E que, através desse caminho, encontraram uma prazerosa razão de existir. Exemplos como o de Moisés, Maria, Samuel, Daniel, Pedro, João, Paulo. Mais recentemente Ghandi, Teresa de Calcutá, e tantos outros. Uns mais reconhecidos, outros que preferiram a estrada do anonimato. Todos, porém, encarando um estilo de vida que contempla o ser ao invés do ter, a alegria pelo espaço ocupado positivamente na vida do próximo ao invés do sucesso efêmero. É interessante fazer uma comparação para se ver, verdadeiramente, com quem ficou a vantagem. Ou por outra, qual a glória melhor. Se a de Cleópatra ou a de Maria, a de Moisés ou a de Faraó, a de Nero ou a de Ghandi, a de Saul ou a de Davi, a de Pilatos ou a de Jesus?
Jesus, por sinal, é um caso a parte. Ninguém se doou tanto, se deu tanto quanto Ele. Tem o que comemorar? Com seus gestos impregnados de amor dividiu a história do homem em antes e depois Dele. Praticando uma vida plena de sabedoria e dedicação ao outro, introduziu na mente e no coração dos homens conceitos que permanecem inalteráveis, imutáveis e eternos até os dias de hoje. Todas as religiões do mundo bebem Dele; escritores – principalmente os de auto-ajuda – se lastreiam Nele para ditar aos leitores receitas da boa vida; a Ciência hoje se dobra à essência do que Ele ensinou; a Medicina proclama a validade de suas máximas. O sorrir, o abraçar, o perdoar sempre, o orar diante das dificuldades, tristezas e decepções são iniciativas largamente difundidas em todos os quadrantes. Jesus é, portanto, o mensageiro da vantagem. Da boa, da verdadeira vantagem. Tem vantagem melhor?
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