quarta-feira, 27 de agosto de 2014
Discussões sobre a equidade no Sistema Único de Saúde seguem no Rio Grande do Norte
Debater as iniquidades no Sistema Único de Saúde (SUS), com esse objetivo a Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap) promove até sexta-feira (29) no Praiamar Hotel, em Natal, o “I SIEQuidade: Semana de capacitação para o fortalecimento da Equidade em saúde no Rio Grande do Norte”. O evento que é promovido pela Subcoordenadoria da Informação, Educação e Comunicação da Sesap, começou ontem (25) e trouxe a comunicação no SUS para ser discutida com usuários, gestores, conselheiros, profissionais de saúde, dos Direitos Humanos, Ministério Público, professores e alunos da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
A visão da comunicação defendida pelo educador Paulo Freire, que diz ser “uma construção compartilhada de conhecimentos entre sujeitos e não uma transferência de informações de A para B”, foi o mote de todas as mesas do dia. Os palestrantes trouxeram para o debate a importância que a comunicação tem para a promoção do SUS.
O chefe do Departamento do curso de Comunicação Social da UFRN, Sebastião Faustino, falou da importância das rádios comunitárias e da democratização da comunicação, que assim como o SUS, é um direito de todos. E abriu a possibilidade de parcerias com a Sesap, para eventos voltados à temática. Os também professores da UFRN, Juciano Lacerda e Ana Tânia Sampaio falaram da importância da instituição oferecer um mestrado profissional em Comunicação na área de Saúde Coletiva para aproximar os profissionais da saúde a essa área tão estratégica, mas subutilizada.
Além de professores e alunos da UFRN, participaram das mesas, técnicos da Sesap, do Conselho Estadual de Saúde, da Articulação Nacional de Movimentos e Práticas de Educação Popular e Saúde do RN, da Marinha e da TV Livre de Parnamirim. Houve ainda apresentação do grupo de teatro Arte Circular Interativa e do grupo de Teatro “Somos Tão Jovens” formado por jovens multiplicadores do Projeto Viva Mãe Luiza.
Nesta terça-feira (26), a temática trabalhada foi a Política Nacional de Atenção a Saúde da População Negra. Com debates sobre a situação no Rio Grande do Norte, as principais doenças que afetam a população negra como anemia falciforme e a retinite pigmentosa (doença genética que não tem cura e causa a cegueira), a falta de ações de saúde especificas para os povos de terreiro e quilombolas, e a invisilibilidade desse segmento populacional pela gestão pública.
Andrey Lemos, consultor do Departamento de Apoio a Gestão Participativa do Ministério da Saúde, falou da importância dos comitês serem mais articulados e atuarem de forma mais coletiva para cobrar dos gestores a concretização dos direitos apregoados pelo SUS.
A representante do Quilombo Capoeiras, em Macaíba, Maria das Graças falou dos problemas enfrentados por eles na área da saúde. Chocou os presentes com a informação das doenças congênitas que atingem os mais de 60 quilombos no estado e a estrutura precária de saúde básica que é oferecida aos mesmos. Portadora de retinite pigmentosa, doença que atinge 95% da população negra, Maria está num processo acelerado de perda da visão, o que fez com ela fosse desenganada pelos profissionais de saúde que fizeram seu atendimento. “É uma doença que não tem tratamento e nem cura e que se alastra como praga dentro dos quilombos. Mas que não vemos nenhuma preocupação por parte dos entes que representam a saúde em todas as esferas”, disse.
No período da tarde o coordenador geral de Apoio à Educação Popular e Mobilização Social do Departamento de Apoio a Gestão Participativa, Rui Silva, falou das políticas do Ministério da Saúde voltadas a população negra.
Os trabalhos do dia finalizaram com a posse do Comitê Estadual de Promoção da Saúde da População Negra e Quilombola do Rio Grande do Norte. Nesta quarta-feira (27), as discussões serão em cima da saúde dos povos indígenas e ciganos no estado. A programação acontece das 9h às 17h e é aberta ao público interessado.
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