quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Falha geral

Paulo Correia
Jornalista
paulo.correia@r7.com

Lendo as matérias sobre a fuga dos 41 presos da penitenciária estadual de Alcaçuz, ocorrida na noite de 19 de janeiro, lembrei do clássico livro Comando Vermelho – A história secreta do crime organizado, do jornalista Carlos Amorim. As brigas entre a Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejuc) e os agentes penitenciários mostram a repetição do enredo desenvolvido por Amorim.
Em entrevista à imprensa, a presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários do Rio Grande do Norte (Sindasp), Vilma Batista, informou que a entidade está coletando provas sobre a não existência de cadeados no Pavilhão Rogério Coutinho Madruga (De onde escaparam os apenados) no dia e nos dias que antecederam a fuga. A declaração da presidente do Sindasp é uma resposta dada ao secretário Fábio Hollanda, novo titular da Sejuc e que em entrevistas para os jornais afirmou que houve negligência por parte dos agentes na noite de 19 de janeiro.
No texto escrito por Carlos Amorim em 1993, as brigas nos presídios cariocas e as intermináveis negociações entre Governo, agentes penitenciários e chefões do Comando Vermelho somente demonstraram uma coisa: o total despreparo dos órgãos oficiais para gerenciar as cadeias. Um verdadeiro banho de sangue e muitas fugas é o que se observa na leitura do livro. Um perigoso jogo de empurra-empurra que ceifou muitas vidas e que alimentou a corrupção nas penitenciárias fluminenses.
Uma questão como a observada em Alcaçuz merece uma maior reflexão de todos os envolvidos. Deixar faltar cadeados em uma penitenciária dita de segurança máxima é o cumulo da irresponsabilidade governamental. E não apurar com seriedade a possível facilitação da fuga é outra do mesmo tamanho.
Nos dois casos, a comprovação que algo caminha de ruim para catastrófico é palpável. Deixar essa questão sem muitas explicações e respostas, compromete o trabalho nas prisões e exibe o pouco caso do Executivo potiguar com a sociedade. Ou alguém acredita que essas notícias são o ponto final?
A não existência de uma política carcerária séria, que leve em conta os direitos e deveres dos presos e dos profissionais envolvidos na sua vigilância, é uma falta gravíssima de nossos governantes ao longo dos anos. A falta do cadeado, a fuga e a corrupção são as provas finais do colapso de um sistema que não ressocializa seu ninguém e que coloca a vida de muitos em perigo.
Ficar no empurra-empurra, com declarações em jornais e televisão, não adiantará muito. A união em favor do bom trabalho é o que deve existir. Com seriedade e respeito.

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