segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Quatro anos entregues à fantasia

Paulo Correia
Jornalista
paulo.correia@r7.com

No dia 1 de janeiro de 2009 uma cidade inteira foi colocada nas mãos de uma jornalista e proprietária de televisão e rádio comercial. Nessa data, Micarla de Sousa iniciou na sua nova função: prefeita de Natal. De lá para cá, muita coisa aconteceu na vida pessoal e profissional dos inúmeros habitantes da capital do Rio Grande do Norte. Casamentos feitos e desfeitos, demissões e contratações no trabalho, saúde boa e ruim. Em suma, vivemos.
No comando da administração da cidade, muita coisa também ocorreu. Diversos partidos políticos e os seus líderes indicaram representantes para o secretariado municipal, diversos almoços foram feitos com o dinheiro público para apresentar ou desautorizar secretários, obras foram anunciadas e depois não saíram do papel.
Uma pena que nessa grande retrospectiva da gestão Micarla as boas lembranças para os moradores de Natal não são sentidas. Uma expectativa de avanços sociais e de infraestrutura não foi concretizada. Uma administração atropelada por erros contínuos e muito falatório foi o que se observou.
Uma gestão marcada pelos incontáveis secretários, seus pedantes assessores e os bajuladores que circularam pelo poder. Quatro anos de muita propaganda (com investimentos maciços elevados a cada ano), relações pouco explicadas com jornalistas e blogueiros contratados a peso de ouro para elogiar as poucas realizações da Prefeitura. Quatro anos de nenhuma atenção ao meio ambiente e as áreas verdes da cidade. Falhas de uma prefeita que foi eleita pelo chamado Partido Verde. 
Falhas de uma população que votou com inúmeros preconceitos arraigados contra a adversária da campanha de 2008 e que optou pela beleza estética da jovem apresentadora de TV e o seu discurso de boa mãe. Falhas que o populismo de Micarla sob aproveitar como poucos.
Quatro esplendorosos anos para os auxiliares mais próximos da gestora. Época de mesas fartas, carros velozes, viagens internacionais, festas diárias e twitters ligados a todo o momento. Quatro anos de um divertido verão. Bom tempo que chega ao fim para alguns e que continua para outros.
No apagar das luzes, a ressaca desses quatro anos é enorme. A dor de cabeça por observar uma cidade fictícia na televisão e outra nas ruas é gigantesca. A sensação de iludidos não parte somente dos que depositaram o seu voto na jovem prefeita, mas no restante da população que, gostando ou não de Micarla, ainda adoram a sua cidade.
Nos toques finais desse texto, a informação que mais uma pesquisa aponta a liderança do ex-prefeito, Carlos Eduardo Alves, como favorito na corrida eleitoral desse ano. Uma realidade que mostra toda a desesperança da população de Natal e que transforma um péssimo prefeito como Carlos Eduardo em melhor nome para gestor municipal.
Quando Natal acordará? 
Quando?

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