terça-feira, 3 de abril de 2012

MATADOURO

Por Vera Lúcia Silva Correia 

Faleceu no Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel, no dia 03, o senhor Edgard Correia, vítima de sepsemia grave, pneumonia e insuficiência respiratória aguda. No entanto para receber o tratamento o idoso de 82 anos precisou de uma liminar da justiça. Uma pergunta: Onde está o Estatuto do Idoso?

VIA – CRUCIS

Internou-se dia 27/03/2012 e logo no dia seguinte piorou. A pressão caiu e ninguém veio em seu socorro, apesar de insistentemente eu, sua filha, pedir para chamar o médico. Neste momento ele teve uma parada cardíaca e precisou ser entubado e seu coração reanimado. Meus gritos desesperados alcançaram os corredores do hospital e algumas pessoas chegaram para ajudar. Provavelmente deixando para trás outros que também precisavam de ajuda.

AGONIA

A partir deste fato, meu pai chegou à beira do abismo da morte. Entubado e precisando de aparelhos para respirar e de UTI. Porém, não tinha vaga. Sem UTI e sem sala de reanimação foi colocado em sala de politrauma - onde a prioridade é exclusiva para receber vítimas de acidentes, politraumatizados e não para evoluir quadros clínicos para reanimação.

Aliás, sobre esta sala é importante registrar: não há imunidade e o risco de infecção é alto.

Meu pai permaneceu entubado. O seu quadro clínico agravou-se durante a espera pela liminar da justiça que lhe daria direito a uma vaga na UTI.

TERROR

Durante oito dias de internação, presenciei catastróficas realidades: corredores lotados, ratos nos corredores, desumanidade. Sem macas, idosos internados em cadeira de rodas, esquecidos ao relento; acompanhantes dormindo em tamboretes...

Tive vergonha de ser brasileira, também, ao presenciar um finlandes de 78 anos morrer por falta de atendimento num verdadeiro matadouro de terceiro mundo que tem nome de hospital, onde deveria salvar vidas e não acelerar o fim de um ser humano .

O FIM

Consequentemente a infecção não tardou, piorando ainda mais seu quadro clínico vindo a falecer.

INDIGNAÇÃO

Até quando? Se fosse seu pai ou a sua mãe? Um filho?

Somos todos iguais perante a constituição e merecemos tratamento digno!

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