Fernando Lins
Na literatura uma das definições do Barroco é o choque dos opostos, a antítese do claro e escuro, da luz e da sombra, enfim algo anacoluto.
No nosso cotidiano os opostos também estão presentes, embora de uma maneira mais sutil, é comum olhar para alguém e dizer, fulano é tão bom, a vida poderia ter lhe dado mais sorte, sicrano não vale nada e a vida está sempre a lhe sorrir.
Como fala a canção “o bem e o mal existem”, quando quiser enxergar bem alguma coisa, primeiro feche seus alhos por alguns instantes, e ao abri-los novamente haverá mais clareza.
Se a tela do computador ou celular, não está suficientemente clara, não adianta ilumina-la, pois quanto mais luz incidir sobre ela, menos você verá. A luz por mais forte que seja, não ilumina outra, é necessário a escuridão inversamente proporcional, para que aquilo que parece ser apenas uma pequena estrela, se torne um grande sol, a luz no final do túnel brilha mesmo que o céu esteja nublado.
E o que dizer dos genocidas, dos arrufos humanos que culminam em crimes brutais? O tempo todo aprecem estampados em jornais, emissoras de TV e rádios, o nosso ímpeto e fazer justiça com as próprias mãos aflora; não nego que às vezes me sinto apto a empregar as leis de Salomão, as leis do Talião, mas isso cortaria somente o efeito, um anátema, não a causa, não teria a força dos opostos, a Força Divina.
Tentar enxergar os opostos é um exercício diário, quando Raskólnikov (Crime e Castigo) vagou desesperado tentando entender o perdão histórico dado homens como Napoleão e César, esqueceu que apesar do poder, as vidas deles foram recheadas de angústias e atribulações.
O poder é bom, mas as consequências do seu uso são sempre caras, é a teoria da força dos opostos.
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