sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

HUOL alerta sobre riscos da automedicação

Em uma farmácia de bairro, a cliente pede: “me dê um comprimido de tetraciclina, por favor”. A farmacêutica questiona: “a senhora não trouxe a receita para esse antibiótico, posso saber qual é o seu problema?”. A paciente mostra o dedo do pé inflamado e diz chateada: “se a senhora não quiser me vender diga logo, que eu vou comprar na farmácia ao lado”.

A história contada pela Gerente de Risco do HUOL, Mabel Mendes Cavalcanti, é real e ilustra uma conduta perigosa e largamente difundida no Brasil: a automedicação. De acordo com a Associação Brasileira de Indústrias Farmacêuticas (Abifarma), todo ano, cerca de 20 mil pessoas morrem vítimas da automedicação no País. Afinal, como ressalta Mabel: “como ninguém quer sentir dor, as soluções são sempre as que demandam menos tempo”.


A razão para a automedicação também pode ser atribuída à dificuldade de acesso de grande parte da população a um médico ou a um odontólogo – seja pela localização geográfica, com moradias distantes dos serviços de saúde, ou pela falta de informações -, ou, ainda, pelo hábito de resolver os problemas de saúde considerados rotineiros da sua própria maneira, alegando falta de tempo ou boa saúde.

A automedicação também é influenciada pelas mensagens publicitárias veiculadas pelos diversos meios de comunicação. Como boa parte dos medicamentos é vendida sem receita médica (medicamentos de venda isenta de prescrição), comprar medicamento por conta própria, na farmácia mais próxima, tornou-se a primeira opção da maioria da população brasileira para tratar dos sintomas comuns à maioria das doenças.

Quando um medicamento se torna um veneno

O consumo de vitaminas, exemplo de modismo influenciado pela mídia, tem comprovação científica que, em excesso, pode causar doenças: a vitamina C pode provocar distúrbios gastrointestinais e cálculo renal. A vitamina A, quando consumida em altas doses e por um longo período de tempo, pode causar distúrbios neurológicos, e, se usada por crianças, pode provocar hipertensão craniana.

Alguns analgésicos podem causar lesão aguda na mucosa gástrica e são contraindicados para pacientes que têm úlcera ou para o tratamento da dengue, pois podem ocasionar sangramentos e hemorragias internas.

As pessoas que têm problemas cardíacos, renais ou de hipertensão, devem evitar o uso inadequado de anti-inflamatórios, pois esses podem alterar o quadro dessas doenças. O uso abusivo de medicamentos para sintomas da gripe pode aumentar a pressão arterial e a intraocular, além dos batimentos cardíacos.

Todos os medicamentos, sem exceção, possuem efeitos colaterais e provocam riscos à saúde. Por isso, a sua administração deve ser orientada por farmacêuticos ou médicos. A automedicação pode causar interação medicamentosa, ou seja, ao combinar os medicamentos, um pode interferir na ação do outro, potencializando ou anulando essa ação. A interação também pode acontecer entre medicamentos e alimentos.

Efeitos colaterais
Entre os efeitos gerados pelo uso indiscriminado de medicamentos, Mabel Mendes destaca o aumento da resistência bacteriana, provocado pelo uso abusivo dos antibióticos.

Um medicamento utilizado indevidamente fará com que, por um processo de seleção natural, as bactérias mais resistentes passem a predominar na população, tornando o tratamento por infecções cada vez mais difícil, caro e com importantes efeitos colaterais.

A facilidade de aquisição desses medicamentos em qualquer farmácia do País sem receita médica predispõe ao uso desnecessário. A exigência da receita médica para aquisição desses medicamentos aponta como uma medida que poderá minimizar o problema.

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