--- Walter Medeiros* – waltermedeiros@supercabo.com.br
Um homem capaz de acompanhar, sem beber, um amigo que bebe de bar em bar, e depois, pacientemente, deixá-lo em casa; que se compara a um grão de areia, para tentar mostrar que não seria tão importante; mas capaz de lutar lutas difíceis e perigosas, na busca de ideais libertários; e de construir uma obra social do tamanho de um sindicato de trabalhadores ou de uma cooperativa aglutinadora de homens e mulheres batalhadores. Assim é Arlindo Freire, jornalista, sociólogo e historiador.
Aos 77 anos, o nono filho de Antônio Freire e Francisca Freire, nascido em Pendências quando ainda era distrito de Macau, mais precisamente na localidade de Bamburral, recebeu nesta terça-feira – 29.05.2012 – o honroso e merecido título de Cidadão Natalense. Por iniciativa do vereador e Presidente da Câmara Municipal de Natal - CMN, o também jornalista Edivan Martins, subscrito ainda pelo vereador George Câmara.
A sessão foi um belo momento, histórico e memorável para a CMN, por muitos motivos, a partir da presença de amigos e familiares que prestigiaram o homenageado. Some-se a isto o discurso primoroso e competente do vereador Edivan Martins, que contou de forma emocionante a vida de Arlindo, destacando que ele “herdou dos pais os valores da decência”. Lembrando lema da Juventude Operária Católica – JOC segundo o qual “Se tiverdes fé irás à conquista do mundo”, Edivan anunciou solenemente: “Agora és filho de Natal”, observando que no dia em que não puder ir ao seu berço natural tocar nas folhas da carnaubeira, terá bem perto flores nativas de Natal, a Xanana.
O exemplo de filho que Arlindo transmitia para seus familiares era aquele jornalista que durante cerca de 50 anos todo final de tarde passava na casa dos seus pais, para deixar um exemplar do jornal em que trabalhava - “O Estado de S. Paulo”. Foi fundador da Associação dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Norte, transformada em Sindicato em julho de 1979.
Na sua visível humildade, Arlindo de Melo Freire afirma que nunca pensou que o presidente da Câmara Municipal fosse se preocupar com alguém como ele, que não se considerava tão merecedor. Mas contou em seguida momentos e fatos importantes da sua trajetória, falando inclusive sobre o tempo em que teve negado até o direito de falar. Lembrou inclusive do seu irmão, Aldo de Melo Freire, que foi perseguido pela repressão e findou se exilando na França, aonde veio a morrer.
Seu discurso sintetizou a vida no tempo em que os jornalistas do Rio Grande do Norte trabalhavam para fundar sua entidade de classe: “anos de insegurança, agonia, medo e pavor”. Em seguida mostrou sua verve visionária, para propor algo que está no ar, mas que talvez imperceptível, apesar dos dois mil cata-ventos monumentais que resultarão do processamento da energia eólica: a construção de algum monumento aos ventos junto às dunas, para mostrar ao mundo mais essa particularidade de Natal, uma espécie de Terra dos Ventos.
*Jornalista
Nenhum comentário:
Postar um comentário