Um pequeno carrinho de madeira
Arrastado num plácido cordão,
Dando giros, correndo sobre a mão,
Um ligeiro pião de goiabeira.
Minha vida era só de brincadeira
Construindo a feliz aliança
Hoje guardo no cofre da lembrança
As imagens dum tempo imaculado
No saudoso cenário do passado
Vejo o filme do tempo de criança.
O cavalo de pau sempre ligeiro
Cavalgava no campo da inocência
A natura pra mim era a essência
Onde o peito sentia-se maneiro.
O bodoque de pau de marmeleiro
Atirava mil flechas de esperança
No veloz pajeú fazia uma dança
Sobre as águas cruzando lado a lado
No saudoso cenário do passado
Vejo o filme do tempo de criança
A biloca corria nos meus dedos
A peteca beijava a minha mão
Uma pipa buscava a imensidão
Onde habitam inóspitos segredos.
Sob a sombra dos velhos arvoredos
Escutava os concrizes na festança
Foi um tempo de mágica bonança
Que revelo do meu peito inspirado
No saudoso cenário do passado
Vejo o filme do tempo de criança.
Cada imagem vivida no sertão
Faz brotar do sentir lindo momento
Cada cena demonstra o sentimento
Revelado na voz do coração.
O passado me traz recordação
Revivendo no peito uma herança
Dum menino coberto de pujança
Que vivia no campo o seu reinado
No saudoso cenário do passado
Vejo o filme do tempo de criança
Gilmar Leite
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