segunda-feira, 26 de julho de 2010

Dinheiro plástico

Marcus Aranha
Escritor

Uma das maiores invenções do século passado, no campo financeiro foi o cartão de crédito.

Com um método extremamente simples para permitir a entrada do cidadão nesse sistema financeiro, você faz um cadastro junto a uma entidade financeira e oferece comprovantes de renda que possam mostrar que você tem um determinado ganho que possa cobrir as despesas a realizar.

Uma investigação rápida junto aos órgãos fiscalizadores de crédito, do tipo SERASA, diz se você é um sujeito sem culpas no cartório ou um devedor contumaz.

Se você é “boa praça” no mundo financeiro, recebe incontinente o seu “cartão de crédito”, um pedaço de plástico resistente com seu nome, data de validade e outros códigos que a operadora utiliza quando você compra com o seu dinheiro plástico.

Para os prevenidos e comedidos o cartão é um instrumento valiosíssimo. Para os perdulários e incautos é uma faca de dois gumes.

Para estes há o risco de comprar deitando e rolando durante o mês inteiro e ao receber a fatura do cartão e verificar que ela é praticamente o valor do salário. Aí o jeito é pagar parte da fatura e arcar com pesados juros sobre a dívida que vem no mês seguinte.

Mas para o comércio em geral o sistema é excelente, pois quem vende não corre o risco de não receber. Na hora compra, consultada automaticamente a Central do Cartão que vai ser utilizado, e havida a liberação da compra, quem vende, vende tranqüilo, pois não corre o menor risco de ser lesado.

Hoje em dia qualquer estabelecimento comercial aceita pagamento com o cartão de crédito. E mais: consultórios médicos, clínicas, laboratórios, hospitais, dentistas e outros, aceitam o pagamento dos serviços que lhe prestou com dinheiro plástico.

E mais ainda: dividem o pagamento em várias vezes, coisa que o sistema permite. Até motel funciona com cartão de crédito; se pintou uma mina no pedaço, não é por falta de dinheiro que você que você vai deixar de dar sua transadinha. O cartão de crédito resolve o problema.

Dizem as más línguas que há igrejas aceitando doações e pagamento de dízimos com o cartão de crédito.

E compras pela Internet?

O volume dessas é altíssimo! O distinto acessa ao site de vendas, escolhe o que quer, preenche um cadastro e fornece o número de ser cartão de crédito. A empresa vendedora checa alguns dados e libera a venda.

O comprador recebe o objeto desejado em casa através de uma firma de encomendas ou dos Correios.

Ninguém imagina a quantidade de dinheiro que rola através dos cartões de crédito que são utilizados em compras pela Internet.

Agora surge mais uma novidade para o uso do famoso cartão.

Os advogados de São Paulo foram autorizados pela seccional paulista da OAB, para receber honorários no cartão de crédito.

Mais uma categoria profissional trabalhando com o dinheiro plástico. A partir de agora os escritórios de advocacia daquele Estado estão autorizados a receber pagamentos com o cartão, e até fazer parcelamentos.

Tai... Em São Paulo , mesmo não tendo dinheiro, você não vai tão fácil pra cadeia por falta de advogado.

Basta ter um cartão de crédito.



Publicado em o Correio da Paraíba de 25 de julho de 1010

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