Câmara Municipal de Natal vai votar projeto que institui a Comenda Doutora Zilda Arns
Em janeiro ela encontrava-se no
em missão humanitária no Haiti,
para introduzir a Pastoral da
Criança no país. A capital Porto
Príncipe foi atingida por um
terremoto e Zilda foi uma das
vítimas da catástrofe
O vereador Hermano Morais (PMDB) deu entrada na Mesa Diretora da Câmara Municipal de Natal em projeto de Decreto Legislativo que institui a Comenda Doutora Zilda Arns, a ser concedida anualmente a personalidades, instituições filantrópicas e empresas com responsabilidade social, de origem nacional ou estrangeira, que se destacarem pelos serviços prestados na defesa dos interesses das crianças e dos adolescentes no município de Natal.
Se aprovada pelo plenário da CMN, a condecoração será concedida pela Câmara Municipal de Natal no âmbito da Frente Parlamentar Municipal em Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente, sendo que a escolha dos agraciados será feita pela Frente, mediante indicação das entidades participantes e do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente -Comdica.
Na justificativa do projeto, o parlamentar escreveu: “A doutora Zilda Arns Neumann nasceu em 25 de agosto de 1934, em Santa Catarina, era filha do um casal brasileiro de origem alemã, Gabriel Arns e Helene Steiner. Zilda Arns casou-se com Aloísio Bruno Neumann, em 1959, com quem teve seis filhos: Marcelo (falecido três dias após o parto), Rubens, Nelson, Heloísa, Rogério e Sílvia (que faleceu em 2003 vítima de um acidente automobilístico) e ainda era avó de dez netos.
Formada em medicina pela UFPR, aprofundou-se em saúde pública, pediatria e sanitarismo, visando a salvar crianças pobres da mortalidade infantil, da desnutrição e da violência em seu contexto familiar e comunitário. Compreendendo que a educação revelou-se a melhor forma de combater a maior parte das doenças de fácil prevenção e a marginalidade das crianças, para otimizar a sua ação, desenvolveu uma metodologia própria de multiplicação do conhecimento e da solidariedade entre as famílias mais pobres, baseando-se no milagre bíblico da multiplicação dos dois peixes e cinco pães que saciaram cinco mil pessoas, como narra o Evangelho de São João (Jo 6:1-15).
Como médica pediatra, atuou no Hospital de Crianças César Pernetta, em Curitiba, e, mais tarde, dirigiu o setor de Saúde Materno-Infantil da Secretaria de Saúde do Estado do Paraná. Sua experiência fez com que, em 1980, fosse convidada a coordenar a campanha de vacinação Sabin, para combater a primeira epidemia de poliomielite, que começou em União da Vitória, no Paraná, criando um método próprio, depois adotado pelo Ministério da Saúde.
Em 1983, a pedido da CNBB, criou a Pastoral da Criança juntamente com o presidente da CNBB, dom Geraldo Majella, Cardeal Agnelo, Arcebispo de Salvador e Primaz do Brasil , que, à época, era Arcebispo de Londrina. No mesmo ano, deu início à experiência a partir de um projeto-piloto em Florestópolis, Paraná. Após vinte e cinco anos, a pastoral acompanhou 1 816 261 crianças menores de seis anos e 1 407 743 de famílias pobres em 4060 municípios brasileiros. Neste período, mais de 261 962 voluntários levaram solidariedade e conhecimento sobre saúde, nutrição, educação e cidadania para as comunidades mais pobres, criando condições para que elas se tornem protagonistas de sua própria transformação social.
Em 2004, recebeu da CNBB outra missão semelhante: fundar e coordenar a Pastoral da Idosa. Atualmente mais de cem mil idosos são acompanhados mensalmente por doze mil voluntários de 579 municípios de 141 dioceses de 25 estados brasileiros.
Nos últimos anos dividia seu tempo entre os compromissos como coordenadora nacional da Pastoral da Pessoa Idosa e coordenadora internacional da Pastoral da Criança e a participação como representante titular da CNBB no Conselho Nacional de Saúde, e como membro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES).
No último dia 12 de janeiro Zilda Arns encontrava-se em Porto Príncipe, em missão humanitária, para introduzir a Pastoral da Criança no país. Pouco depois de proferir uma palestra para cerca de 15 religiosos de Cuba, o país foi atingido por um violento terremoto. A doutora Zilda foi uma das vítimas da catástrofe”, concluiu Hermano Morais. .