terça-feira, 27 de abril de 2010

ARTIGO

Tardes de domingo que não existem mais

Obedis Damásio
Publicitário

A final do campeonato de 2010 entre ABC e Corinthians de Caicó, 'Galo do Sertão', me fez ter uma programação muito especial e um tanto quanto esquisita por ser americano de coração, lembro-me aos 14 ou 15 anos que torcer fazia eu matar as aulas no Objetivo, passar de baixo da roleta do ônibus, pois o dinheiro do lanche já era contado para ver os treinos do meu Mecão ai posso ventilar Sandoval, Silva, Marinho, Dedé de Dora, Severinho,Curió e na zaga, quando o ataque adversário oferecia algum perigo, meu coração ficava apertado por ter Lucio Sabiá na zaga. Fazer o que?

Sábado fui logo cedo ao Largo do Machadão comprar o ingresso para levar meu filho, João Eduardo, 9 anos, abecedista roxo e acrescentei ao ingresso uma linda camisa numero 10. Acordei no domingo as 16h20, após um cochilo do almoço, peguei meu menino com os olhos brilhando de alegria e fui ao Frasqueirão. Aliás, que belíssimo estádio!

Mais uma grande festa não deixou uma boa impressão no pai coruja e no filho apaixonado. Fiquei no setor 34, por trás do gol do ABC, durante o segundo tempo, onde tinha um pastor amigo com suas duas filhas me esperando com o local reservado. Infelizmente o brilho dos olhos do meu filho, João Eduardo, se derramou em lágrimas e aflição pois aos dez minutos do segundo tempo uma torcida organizada, que fica no local, acendeu fogos com intuito de prejudicar o espetáculo e assim conseguiu parar o jogo por mais de 15 minutos.

Eu não sabia a intenção dos baderneiros e vândalos que se misturam aos adoradores do espetáculo. Começaram a jogar latas de cerveja na policiais do BOPE, que tiveram que intervir. Mas, o pior é que junto a essa fumaça dos fogos, vinha misturada fumaça de cigarros de maconha... Como ex- dependente, reconheci juntamente com outros pais o cheiro da droga. Com João Eduardo segurando em minhas mãos fui embora.

Não pude ver a entrega do troféu. Como sinto falta do velho Juvenal Lamartine e do Machadão em tardes que víamos famílias reunidas e que saiamos para casa com a certeza de uma chegada tranquila. Este é o momento de reflexão, para todos os times, torcidas organizadas e diretores, pois irá chegar um tempo que espero que não aconteça mais essas brigas. Que fazem um pai americano frustrar-se por ver nos olhos do filho abecedista lagrimas de angustia e aflição no seu primeiro contato com sua casa, seu time e sua torcida.

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