sexta-feira, 23 de abril de 2010

PRAIA DOS ARTISTAS?

Gabriela Damasio

Há poucos dias fui à Praia dos Artistas, praia essa que já teve seus tempos de glória e ascensão.

De surfistas em busca das melhores ondas, mulheres bronzeadas, ondas espetaculares. Da cerveja geladinha no Caravelas Bar, ambulantes vendendo aqueles bronzeadores de saquinho, picolé de chiclete a R$ 0,10, o centro de artesanato... Os campeonatos de surf, que mesmo quem não gostava ia só pra ver a badalação, a praia cheia, movimentada, dava 15h, 16h, 17h e ninguém tinha hora...

À noite, ela era, também, bastante visitada. O calçadão era iluminado, urbanizado, tinha lanchonete, Sorveteria Tropical, bares e restaurantes, os hippies e cada bijuteria mais linda que a outra e, de quebra, o velho Chaplin.

Em época de Copa do Mundo e eleições a praia foi cenário para comícios e passeatas. Era um luxo descer a ladeira num carro de som comemorando a vitória de A ou B.

Lembrei da minha adolescência. Como eu morava ali perto do Centro de Turismo, escolhia a praia como o passeio de sábado com as amigas. Andávamos sem medo de cair nos buracos do calçadão ou de ser assaltada andando pela escuridão. Íamos ao Centro de Artesanato ver as novidades, comprar bolsinhas de palha e cangas. Tinha aquela parada obrigatória na Cia do Suco ou Cia do Guaraná para fazer um lanche. Jogar conversa fora.

Foi no Centro de Artesanato que eu fiquei pela primeira e última vez com um garoto por quem eu fui apaixonada. Isso tudo porque as amigas montaram o encontro. Ah! Como era bom e divertido aquele tempo! Olho pra trás e vejo que já se passaram quase 15 anos.

Nem vou falar do Hotel Reis Magos, que era um marco da nossa cidade, mas foi fechado, abandonado. Esquecido...

De lá pra cá o que mudou? (além da minha idade, claro).

O Chaplin “véi” de guerra, que virou Hooters, depois complexo Chaplin, agora Nyx Club, mas ta lá, resistindo...

A praia que continua sendo dos Artistas. Mas, quem são os artistas?

Acredito ser aqueles que tentam sobreviver do turismo, economia, do crime e da prostituição.

As ondas continuam espetaculares, tanto que derrubou tudo. Porém, cadê os surfistas e as mulheres bronzeadas?

Já não dá pra curtir tranqüilo aquele lugar.

E o Caravela Bar? Que fim levou?

E o calçadão?

Tem que ter cuidado pra não cair e se arrebentar...

A iluminação? Ou seria a falta dela?

Tem contribuído e muito para os artistas que vivem de levar o que não lhes pertence. Tem casal apaixonado, também, que gosta...

O trabalho dos hippies já não tem mais capricho é feito de qualquer forma pra garantir qualquer trocado.

Ah! Mas tem o centro de artesanato que foi reformado, né?

Tá lindo, iluminado, com restaurantes e música ao vivo. Mas, será que só o centro de artesanato salva um lugar?

Enfim, na minha última visita lá, me senti o próprio caleidoscópio - olhares diferentes sobre a mesma coisa. Vivi misto de alegria, tristeza, saudosismo, decepção, indignação. Senti saudades de dar um mergulho no mar, de chupar um picolé de chiclete, de reencontrar minha amigas que já não tenho quase contato no mesmo lugar, tomando o mesmo suco e relembrar com elas os bons tempos que ali vivemos.

Um comentário:

  1. Léo, brigada!
    Isso foi um surto de nostagia. nem sabia que ia render tantas linhas...

    bjo!

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