quinta-feira, 29 de abril de 2010

A FARDA OU O PROFESSOR

Sílvio Caldas
jsc-2@uol.com.br


Refiro-me ao artigo publicado em jornal local de autoria da professora Telma Araújo, em 16 de abril próximo passado. Ali a mestra traça um paralelo entre uma determinada escola que exige que o aluno só seja aceito na sala de aula trajando o fardamento completo e o fato de a mesma escola não haver preenchido ainda o quadro de professores, deixando os discípulos desocupados em muito momentos em que deveriam estar em sala de aula.

Pergunta a mestra: “o que é mais importante: o professor ou a farda?”

A pergunta induz logicamente a uma resposta, ou seja, mais importante seria a presença do professor.

Contudo, discordo, salvo melhor juízo, da dedução sugerida pela autora. A farda é uma questão de identidade social, sentimento de pertencimento a um grupo de trabalho ou estudo, de disciplina, e, farda incompleta não é farda. Se o regulamento do colégio prevê o uso de farda, que se cumpra o regulamento, em nome do bom e necessário processo formativo do alunado. A falta de professor é problema de outra natureza e que deve ser buscada a solução independentemente de outros fatores que envolvem os objetivos educacionais.

A propósito, um dia desses um jornal estampou a fotografia de um professor que além de mal trajado calçava sandálias conhecidas como japonesas. É de se perguntar, pode-se também exigir do aluno o uso do fardamento completo diante de um professor mal trajado e com apresentação tão lastimável?

Educação, a meu ver, é uma via de mão dupla e sua maior arma é o exemplo, como diria o mestre Paulo Freire “ensinar exige a corporeificação das palavras pelo exemplo”. Assim, tudo que se pretende cobrar do aluno deve ser cobrado com muito mais veemência do professor.

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