IstoÉ
Paulo Correia
Jornalista
No final de fevereiro a editora Record lançou no mercado o livro “Curral da Morte”, do jornalista e cineasta Jorge Oliveira. Na publicação, de 206 páginas, o autor tenta contar, depois de passados 52 anos, o famoso caso do tiroteio promovido nas dependências da Assembleia Legislativa de Alagoas, em setembro de 1957, e que teve repercussões políticas e pessoais até bem pouco tempo. Alagoas que viu seus deputados estaduais irem até as últimas conseqüências para expulsarem um governador da cadeira de gestor.
Na tarde de sexta-feira, dia 13 de setembro de 1957, o estado de Alagoas entrou definitivamente no imaginário nacional e internacional como a Sicília brasileira. Assim como a famosa região italiana, conhecida pelos seus clãs mafiosos, Alagoas era uma terra onde conviviam muito bem coronéis do açúcar, jagunços e políticos que adoravam andar armados. Um estado não muito diferente do restante do Nordeste daqueles anos. Uma região onde a pobreza de muitos, misturada com a violência e a esperteza de alguns, fazia pólvora brotar do chão.
No livro de Jorge Oliveira, o caso do impeachment do governador Muniz Falcão, proposto por deputados ligados a usineiros, é narrado de forma clara e objetiva pelo jornalista. Uma sessão de tiros que durou pouco mais de dez minutos, e que resultou na morte de um parlamentar. Um verdadeiro mata-mata dentro da casa legislativa.
Um livro que mostra as ligações perigosas entre a política partidária e a brutalidade de um Brasil arcaico e preconceituoso. Um relato de tempos onde a bala e a pontaria de pistoleiros contratados a preço de banana eram normais ao dia a dia de autoridades e pessoas comuns.
Lendo esse trabalho de Jorge Oliveira, me veio à mente o livro “As Alças de Agave” de François Silvestre, onde o autor conta sobre o clima político na região de Martins e Portalegre, no mesmo ano nebuloso de 1957. Foi durante aqueles dias que o escritor perderia seu pai em uma emboscada armada por um delegado de polícia e seus asseclas. Uma covardia que ficou nas lembranças de uma família destroçada, e que germinou no escritor um olhar desconfiado com os poderosos de plantão.
Fica a dica de leitura: Curral da Morte, do jornalista Jorge Oliveira.
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