Leonardo Sodré
Jornalista e escritor
Mau humor é mau com “U” ou mal com “L”? Certamente os atentos as regras do português irão perguntar assim que virem esse texto. Respondo: é com “U” mesmo. Sim, porque o mau humor gera coisas ruins, sentimentos sombrios; não é um mal de malfeito ou de doença. É um mau ruim.
Todas as vezes que vejo uma pessoa má humorada me lembro do filme “Um dia de Fúria” (1993), cujo principal protagonista interpretado por Michael Douglas (foto), filho do lendário ator americano Kirk Douglas, aparenta calma nas suas andanças durante uma manhã quente em São Francisco, EUA, descarregando sua irritação em qualquer pessoa que o contraria.
Todos conhecemos pessoas bem humoradas e más humoradas. É impressionante como as más humoradas se irritam rapidamente. É como se elas estivessem à frente dos nossos pensamentos. Não que sejam brilhantes ou inteligentes demais, mas por esperarem ansiosamente que façamos exatamente o que elas querem.
Tornam-se brutais e brutalizam os ambientes que frequentam. É visível o esforço que fazem para manter uma conversa com naturalidade. Mas, não ouse contrariá-las porque a fissão quase atômica dos seus neurônios explodem ao derredor como uma granada de alto poder destrutivo.
Discutir com um mau humorado é tarefa quase impossível, sendo que sua principal característica – porque impõe medo em todos com quem convive – é a ressaca moral. As pessoas ficam com medo de suas respostas; reações. Preferem calar-se a ouvir um impropério. Sofre ao descobrir-se sozinho, ao ver olhos de inquietação. Desgarra-se ao perceber que não tem paciência nem consigo próprio.
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