Médicos discutem deformidades faciais durante simpósio em Natal
O evento foi organizado pela Associação Brasileira de Fissuras Labiopalatinas
Novas descobertas, experiências e políticas públicas – estes foram os três temas que permearam as principais discussões do 2º Simpósio Norte-nordeste de Fissuras Palatinas e Deformidades Faciais que ocorreu nos dias 29 e 30, no Hotel Holliday In, Ponta Negra. Organizado pela Associação Brasileira de Fissuras Labiopalatinas, o evento – direcionado a estudantes e especialistas da área -, pretendeu fomentar o debate em torno das dificuldades existentes na prevenção e no tratamento de pacientes fissurados no Rio Grande do Norte e no Brasil.
Foi a primeira vez que o simpósio foi realizado em Natal. O médico Leonardo Spencer, cirurgião plástico e integrante do comitê organizador, disse que o evento foi importante para troca de experiências entre os projetos que atuam no estudo e tratamento das fissuras palatinas por todo o país. Em palestra sobre o assunto, o cirurgião, que também é coordenador do Programa de Fissurados do Rio Grande do Norte, falou sobre as dificuldades de implantação do projeto no estado.
O Programa de Fissurados do RN atua principalmente no Hospital Pediátrico da UFRN (Hosped). “Esse projeto é responsável pela realização de cerca de 120 cirurgias pediátricas por ano, oferecendo também um acompanhamento multiprofissional para a reabilitação dos pacientes”, informou Leonardo Spencer. “Além do tratamento, também conseguimos que o Ministério Público obrigasse o governo a bancar um Curso de Educação Continuada durante cinco anos, para preparar estudantes e profissionais para o tratamento destes pacientes”, explicou o cirurgião plástico. Para o futuro, Spencer espera conseguir uma parceria entre os hospitais universitários (HUOL e Hosped), para que o programa ofereça acompanhamento médico até a vida adulta.
Políticas públicas
“Hoje, as políticas públicas estão voltadas para crianças, idosos e drogados. Há muito dinheiro circulando nisso, o problema é saber se está sendo bem distribuído”. A crítica é da professora Vera Raposo do Amaral, presidente do Hospital Sociedade Brasileira de Pesquisa e Assistência para Reabilitação Craniofacial (SOBRAPAR).
Vera palestrou durante o simpósio sobre os projetos oferecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), assim como as dificuldades enfrentadas por aqueles que tentam implantar programas de assistência aos pacientes fissurados no país. Segundo a pesquisadora, somente no ano passado surgiram portarias e leis para a formação de centros voltados para o tratamento de fissuras.
“Para um hospital receber verba do SUS, é preciso que comprove atender certa demanda de pacientes que se enquadrem nas categorias”, explicou a médica. De acordo com Vera, os centros enfrentam muita papelada e burocracia para oferecer o atendimento. Geralmente esses centros se erguem com ajuda filantrópica e instituições internacionais, para só depois receber apoio do sistema. “Diferente do SUS, médicos não estão preocupados com números. Nós queremos dar o melhor para as crianças”, finalizou.
Nadjara Martins / AEcoar
Mais informações: (84) 8703-1804 e (84) 9456-4365
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