Flávio Rezende*
escritorflaviorezende@gmail.com
Vivemos um tempo de muito disse-me-disse no Brasil e em nossa cidade do Natal. Coisas do submundo dos malfeitos acontecem e, quando os fatos são expostos, chegamos rapidamente à conclusão que os acusados realmente têm culpa no cartório.
Depois, com ajuda de seletos advogados, apoiados anualmente pela mídia que os expõem sempre como detentores dos melhores entendimentos, os réus vão apresentando seus argumentos e, chega a um ponto que não sabemos mais quem tem e quem não tem culpa no imbróglio do dia.
Os veículos de comunicação, cada qual com seus interesses, procuram expor de maneira mais generosa aqueles que opinam favoravelmente ou contra, seus protegidos e financiadores.
A mídia, como já sabemos ou percebemos na leitura diária de suas entrelinhas, tem interesses políticos e/ou econômicos, assim como a sociedade como um todo. Na verdade o dinheiro e o poder foram entronizados, desbancando nesta época da Kali Yuga, os valores humanos.
A Kali Yuga, segundo o Wikipédia e escrituras como o Mahabharata e o Bhagavata Purana, "é uma era de crescente degradação humana, cultural, social, ambiental e espiritual, sendo simbolicamente referida como Idade das Trevas porque nela as pessoas estão tão longe quanto possível de Deus".
Por estarmos vivenciando este período de degradação dos valores, as versões dos malfeitores ganham força e reforço de eminentes advogados. Triste ver pessoas que respeitamos como eruditos no saber jurídico, defendendo escancaradamente malfeitores, emprestando talento burilado ao longo de anos para pessoas de duvidosa conduta.
Observamos isso a nível local e a nível nacional, tendo também no exterior, claro! O que percebemos nitidamente diante destes tribunais midiáticos, mais céleres e interessantes que os demorados e futuros julgamentos dos tribunais de fato, são as posturas, os olhares, as mãos, o corpo falando.
Quando o sujeito está mentindo, seguindo um roteiro previamente estabelecido por seu advogado, ele titubeia, esquece detalhes, as coisas não batem, o olhar foge, as mãos suam, as testemunham não dizem exatamente as coisas como eles gostariam que fossem ditas, é difícil para advogados construtores de projetos de absolvição e réus, a perfeição de uma defesa quando o acusado é realmente um marginal.
Já o inocente não precisa que as combinações sejam favoráveis, basta narrar as coisas exatamente como elas são ou foram no momento do ato em questão. Óbvio que um inocente, mesmo com o corpo depondo a seu favor, pode cair diante de um juiz corrupto, vendedor de sentença, ai meu caro leitor, é um assunto mais profundo.
Os espíritas diriam que ou o camarada está pagando por algo que fez ou o juiz está contraindo mais débitos ainda, que certamente serão cobrados em existências futuras.
Independente de Kali Yuga, carma e muitas outras facetas destes mundos material e espiritual, é triste presenciar na mídia em geral, tantos casos que entristecem, que minam nossa crença num mundo melhor, que nos enviam a um turbilhão de desconfianças e de desassossego.
Se seres que ganham um excelente salário não resistem a sedução do money, embriagados que ficam com seus tentáculos condutores a luxuosos hotéis, potentes carros e sedutoras mulheres, avalie os demais seres, em sua grande maioria carentes de mínimos recursos para subsistência?
Observemos nesta era de julgamentos rápidos e ao vivo, os que passam a segurança da inocência e os que titubeiam em suas circenses argumentações fabricadas em caríssimos escritórios de advocacia. Se for verdade que o corpo fala, eis um bom momento para observá-lo atentamente.
*É escritor, jornalista e ativista social em Natal/RN
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