Flávio Rezende*
Antigamente as pessoas ficavam felizes quando podiam estar no mercado, na feira, no meio do comércio. Era naquela área onde circulavam os rostos diferentes, com túnicas, roupas extravagantes e, onde, os nativos podiam ouvir histórias e estórias de terras e de pessoas nunca antes imaginadas.
O lugar onde rola o comércio sempre foi o paraíso dos seres, o espaço para a troca, para o assassinato das curiosidades, o canto das descobertas, da realização dos amores, dai sua histórica magia, sua sedução que atravessa eras e eras, mudando o formato, mas nunca a essência.
Hoje o mercado, a feira, estão organizados em torno de lojas no que chamamos de shoppings, lugares maravilhosos onde podemos assistir filmes, conversar, ver o tempo passar, adquirir bens e, de certa maneira, ter uma relativa segurança uma vez que fora destas áreas, o perigo é muito mais presente.
Escrevo este artigo não só para louvar estes lugares mágicos, estes espaços fantásticos que embriagam nossos olhos com muitas cores e criatividades, buscando pescar nossas finanças, com apelos que rebuscam em nosso ser toda uma psicologia que começa na educação e se completa na publicidade.
Estas mecas do consumo continuam atraindo multidões e isto causa chateação em algumas pessoas, sendo este o principal motivo deste presente escrito. Às vezes leio nas redes sociais algumas pessoas dizendo que o shopping está insuportável com tanta gente, alguns até revelando certos preconceitos, dizendo que está cheio de jovens da zona Norte ou de adolescentes rebeldes.
Quando leio essas coisas fico um pouco reflexivo, pois, tenho uma sensação oposta quando vejo as multidões de jovens nos shoppings. Gosto de apreciar eles sorrindo, conversando, as roupas diferentes das que uso, os cabelos radicalmente malucos, calçados variados e gestos abarcadores do mundo.
Fico feliz em estar no meio deles, ouvindo um pouco de suas gírias, risadas, me sinto mais vivo mais humanizado, lembrando ainda as minhas revoluções no tempo em que encarnava a idade deles, passando a usarbrinco, calças jeans desbotadas, cabelos Black Power e até tatuagem fiz, deixando papai e mamãe preocupados.
A visão da multidão, principalmente de jovens, causa em meu ser então, aquela alegria de ver o coletivo feliz. Não me sinto incomodado, antes pelo contrário, vibro por ser testemunha de visão e de audição destes belos seres vivenciando de maneira extraordinária as suas experiências joviais, de terem oportunidade de estarem num lugar onde podemos encontrar de alimentos a roupas, de mesas e cadeiras para papear mais confortavelmente a salas de cinema.
Que maravilha é fazer parte desta manada vulcanizada por sonhos e até contaminada por vícios atuais de cibernéticas relações com máquinas diversas. Sou feliz no meio desta multidão, vinda de qual zona seja. Ao me dissolver no meio deles sinto penetrar em min' alma já cinquentenária, a doce e gostosa vibração coletiva desses belos espécimes adolescentes.
Escritor, jornalista e ativista social em Natal/RN (escritorflaviorezende@gmail.com)
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