quarta-feira, 27 de abril de 2011

Números da vergonha


Paulo Correia
Jornalista
paulo.correia@r7.com

Esses dias, o jornal Correio Braziliense publicou uma reportagem que deveria ser lida por todos. Uma matéria que deveria servir de alerta para todas as meninas e mulheres desse imenso Brasil. No texto, a informação que o número de mulheres assassinadas por companheiros e conhecidos aumentou 30% em dez anos. Um dado frio, mas que mostra toda a crueldade praticada contra essas jovens e senhoras, e que exibe a total impunidade no país, mesmo com a implantação da Lei Maria da Penha.

No periódico, casos e mais casos de jovens que perderam a vida e que deixaram uma lacuna na existência de seus familiares. Meninas que deixaram o seu país para tentar um emprego na Europa e que de lá voltaram em um caixão. Mulheres que pediram ao marido ou namorado que bebessem menos e que levaram tiros e facadas por conta disso. Agricultoras que não fizeram o jantar do companheiro e que por isso levaram tapas e golpes de foice pelo atrevimento. Mortes que viraram estáticas para o Governo e que não tiveram a merecida investigação policial para colocar os culpados atrás das grades.

Por aqui, o alto índice de mortes de homens (cerca de 90% das vítimas de homicídios) deixa de lado o fenômeno do femicídio, ainda pouco estudado no Brasil. Na contramão de países vizinhos que, além de monitorarem as mortes de mulheres, tipificam o crime em leis. Costa Rica, Guatemala, Chile, Colômbia e El Salvador incorporaram no ordenamento jurídico a definição do femicídio. México, Argentina e República Dominicana também estão discutindo alterações nas suas legislações.

Na matéria do jornal, a prostituição internacional é um dos pontos que mais ceifam a vida das mulheres. Garotas que deixam as suas cidades de origem e que partem para o desconhecido na ilusão de trabalhar, ganhar dinheiro e quem sabe, encontrar um bom marido.

Jovens que encontram em países como Espanha, Itália e Portugal o trágico esquema de dívidas na chegada, drogas pesadas no dia a dia e morte em valas comuns no final. Tudo orquestrado por mafiosos que enriqueceram nas falhas da Justiça.

Até quando as nossas autoridades permitirão que esses diversos casos de violência, aqui no Brasil e lá fora, acabem com os sonhos de nossas mulheres.
Fica a pergunta.

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